A força que move o campo brasileiro muitas vezes tem um nome feminino. São mulheres que, em meio à terra, ao sol e às adversidades do dia a dia, cultivam não apenas alimentos, mas também sonhos e esperanças. Elas lideram propriedades rurais, inovam com práticas sustentáveis e garantem a segurança alimentar do país.
Em um setor historicamente dominado por homens, essas agricultoras, engenheiras e empresárias estão transformando a agropecuária com sua visão de futuro e dedicação. Hoje o Brasil celebra o Dia Internacional das Mulheres Rurais, uma data que vai além da simples homenagem às trabalhadoras rurais. É uma ocasião para destacar a contribuição essencial das mulheres na agropecuária, um setor que hoje é transformado por lideranças femininas que desafiam barreiras e constroem um futuro mais sustentável e inovador para o campo brasileiro.
As mulheres estão à frente de 19% dos estabelecimentos agropecuários do país, segundo o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE, o que representa cerca de 947 mil propriedades. Elas desempenham um papel crucial na agricultura familiar, que produz 70% dos alimentos consumidos no Brasil, comprometidas com práticas de produção que preservam o meio ambiente e a eficiência produtiva no campo.
A presença feminina no setor agropecuário vai além das porteiras das fazendas. Elas também têm conquistado espaço em áreas de conhecimento técnico, como agronomia, veterinária e engenharia agrícola, onde já representam mais de 50% das matrículas nos cursos superiores. Esta qualificação, somada à experiência prática, prepara as mulheres para enfrentar desafios e liderar com inovação.
Liderança feminina no parlamento e no campo
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) é uma aliada importante dessas mulheres. Composta por 44 parlamentares entre deputadas e senadoras que atuam em defesa das pautas do setor agropecuário, a FPA busca garantir a igualdade de oportunidades para as agricultoras, promovendo políticas públicas que ampliem o acesso ao crédito, à capacitação e a direitos previdenciários, como aposentadorias dignas para as trabalhadoras rurais.
A deputada Marussa Boldrin (MDB-GO) que integra a FPA e preside a bancada na região Centro-Oeste, destaca a importância de ampliar o protagonismo feminino no setor agrícola. Segundo a parlamentar, o avanço das mulheres no campo já é uma realidade visível. “Precisamos de mais mulheres conquistando espaço na agricultura de forma competente. Sentir pertencimento e fazer parte do local contribui para um trabalho mais eficaz. Quando se fala do espaço da mulher no campo, ele já está bem avançado comparado a outros setores, como a indústria e o comércio.”
Marussa também aborda um tema essencial: a aposentadoria das mulheres rurais. Ela destaca a dificuldade que muitas enfrentam ao tentar comprovar os anos de trabalho no campo, devido à falta de registros em seus nomes, já que, historicamente, a produção rural era documentada em nome de seus maridos ou pais. “Nós temos um projeto de aposentadoria da mulher do campo, está tramitando na Câmara e já foi aprovado na Comissão das Mulheres. Quem faz pelo campo faz pela cidade. E a gente sabe que o olhar feminino traz um diferencial”, afirmou a parlamentar.
Já a deputada Gisela Simona (União-MT), destacou a crescente participação feminina no setor. Ela aponta que, além de liderarem a produção de alimentos, as mulheres têm ampliado sua presença nas universidades e cursos técnicos. “O último censo do IBGE já revela isso. Cursos como veterinária, engenharia agrícola e agronomia já têm metade das cadeiras ocupadas por mulheres.”
A deputada Coronel Fernanda (PL-MT), outra integrante da FPA, reforça o valor das mulheres do campo em sua luta diária pela produção de alimentos e pelo desenvolvimento do país. “Lá nas fazendas, nas pequenas propriedades, tem mulheres batalhadoras que lutam de sol a sol para produzir e levar alimento para nossas mesas. Quero parabenizar essas mulheres e dizer que, com sua capacidade e coragem, o nosso país vai se desenvolver muito mais”, pontuou a parlamentar.
A deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), também envolvida na defesa das pautas do setor agropecuário, reforçou o papel histórico de superação das mulheres no campo. “Com a mecanização e a industrialização da agricultura, essa atividade começou a ser dominada pelos homens. Porém, ao introduzir as mulheres nesse mercado, estamos recuperando toda uma história de resistência e sobrevivência da humanidade. As mulheres do campo estão de parabéns, pois resistiram a todas as pressões e hoje dominam também esse setor.”
A deputada Daniela Reinehr (PL-SC) acrescenta que, além da força e determinação, as mulheres do campo têm buscado cada vez mais qualificação profissional e acesso ao crédito, fatores fundamentais para o sucesso de suas atividades. Ela reforça que o apoio a essas trabalhadoras é essencial para garantir sua autonomia e capacidade de inovação, possibilitando o desenvolvimento sustentável e o aumento da competitividade do agronegócio brasileiro. “Investir na qualificação e no acesso ao crédito para as mulheres do campo é garantir que elas continuem à frente da revolução agrícola. Com isso, fortalecemos toda a cadeia produtiva e asseguramos um futuro de crescimento para o Brasil.”