De acordo com o quinto levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (10), a safra brasileira de grãos em 2021/22 deve somar 268,2 milhões de toneladas. Os números representam um aumento de 5% em relação à safra anterior.
A despeito dos graves problemas climáticos que atingiram o Centro-Sul do país e se alastraram por mais tempo que o esperado, com os dados apresentados pela Companhia, haverá grandes excedentes exportáveis de milho e soja. Segundo a própria Conab, uma confirmação da imensa capacidade produtiva dos agricultores brasileiros.
Os dados apresentados pela estatal indicam que o milho, cuja primeira safra também foi afetada pelas perdas, pode ter recorde na colheita total. O motivo se dá pela expectativa de forte crescimento na produção da segunda safra, que responde pela maior parte do volume brasileiro. Os números totais do cereal foram estimados em 112,3 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 29% ante os números de 2020/21. Nas exportações, a previsão é de 35 milhões de toneladas, com um salto na comparação com os 20,9 milhões exportados anteriormente.
No que se refere à soja, a safra 2021/22 foi estimada em 125,5 milhões de toneladas, também por efeito das altas temperaturas que atingiram, especialmente, o Sul do Brasil a partir do mês de novembro do ano passado. Ainda assim, a expectativa para exportação é de mais de 80 milhões de toneladas do grão.
Já no caso do algodão, outra importante cultura, já está semeado em cerca de 79,6% da área destinada ao cultivo e a expectativa é que a produção cresça próximo a 15% e chegue a 6,6 milhões de toneladas. Além disso, a Conab acredita que o volume do produto exportado deve ser 2,5% superior ao do ano passado e alcance 2,05 milhões de toneladas.
Na opinião do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), o ano de 2021 foi de desafios para os produtores. No entanto, ele pontua que as pautas que caminham no Congresso Nacional são benéficas para o setor e que a tendência é de números melhores no ano corrente. “Temos algumas metas ainda pela frente e por isso não paramos de trabalhar, para entregar resultados cada dia melhores. São propostas que irão trazer aumento na produtividade e reduzir o custo de produção”, explicou.
O presidente da Conab, Guilherme Bastos, também entende que as dificuldades vividas em relação às questões climáticas foram fundamentais para o resultado do levantamento. Apesar disso, afirma que esteve com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nos estados mais afetados. “Nós estivemos in loco para analisar as possiblidades de como podemos contribuir nesses estados com a Agricultura. O trabalho da Conab é importante e necessário, estamos instituindo novas metodologias, mais apuradas e voltadas de fato para o mercado que o país precisa”.
De acordo com o vice-presidente da FPA, deputado federal Neri Geller (PP-MT), os números previstos eram ainda maiores, mas em função do excesso de chuva na colheita no Centro-Oeste e da falta de chuva no Sul do país no fim do ano, os resultados ficaram abaixo do recorde aguardado.
Entretanto, Neri enfatiza que essa é mais uma prova do quanto o setor agropecuário é capaz de fazer e de como os produtores se desdobram para ajudar o país a crescer. “Quando se faz agricultura com competência, quando se incorpora tecnologia e desenvolvimento, é isso que temos em troca: grandes resultados e produtores que fazem acontecer com o que é disponibilizado para eles”, concluiu.
O coordenador da Comissão de Política Agrícola da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal José Mário (DEM-GO), destacou que o Brasil tem avançado baseado na produtividade. “A Conab comunicou a nossa safra de mais de 268 milhões de toneladas. Se comparado com a safra passada, esse crescimento é de 5%. O país tem crescido todos os anos e mostrado a pujança do setor agropecuário brasileiro”.
Segundo José Mário, mesmo com a situação crítica da soja na região Sul, a colheita este ano será superior a de 2021. “Vamos colher 3,7 toneladas por hectare de alimentos, cereais, fibras e oleaginosas. No ano passado, esse valor era de 3,6, ou seja, é mais um crescimento de produtividade”, explicou.
Para o coordenador da Comissão de Meio Ambiente da FPA, deputado federal Zé Vitor (PL-MG), os números apresentados expressam a força do setor produtivo e a intensa dedicação dos agricultores mesmo em situações adversas. “Apesar de todas as dificuldades, o nosso agro continua firme, segue inovando e sem dúvida nenhuma, permanece como um dos setores chave para o crescimento do Brasil”, finalizou o parlamentar.
Arroz e feijão
A questão climática no Brasil foi determinante para as expectativas da safra 2021/22 em relação ao arroz. A Conab estima uma colheita em torno de 10 milhões de toneladas. A produção de feijão, por sua vez, deve se manter em torno de 3 milhões de toneladas e uma colheita que pode chegar a 935,5 mil toneladas na primeira safra.