O segundo painel do evento, intitulado “América do Sul no Comércio Global: Oportunidades e Barreiras” durante a 2ª Cúpula Agro Global Sul-Americana, realizada nesta quinta-feira (24) no Congresso Nacional da Argentina, reforçou a importância da integração regional diante de mudanças geopolíticas, exigências ambientais e transformações tecnológicas.
Moderado pela deputada argentina Germana Figueroa Casas, integrante do Espaço Legislativo Interpartidário do Agro (ELIA), o painel contou com representantes do Brasil, Colômbia e Paraguai. Em sua fala de abertura, Figueroa destacou o potencial estratégico da América do Sul para a segurança alimentar global e a relevância do diálogo regional. “A América do Sul possui vantagens comparativas notáveis no setor agropecuário, mas também enfrenta desafios estruturais comuns. Estarmos reunidos aqui é um sinal claro da importância de construirmos soluções conjuntas”, afirmou.
Representando a Colômbia, o senador Marcos Daniel Pineda García, presidente da Comissão Quinta do Senado, apontou gargalos que limitam a competitividade do agro na região, como a precariedade da infraestrutura rural, barreiras fitossanitárias internacionais e a evasão de jovens do campo. “As estradas, os serviços públicos e a logística ainda colocam nossos produtores em desvantagem. Além disso, a juventude rural não vê mais futuro no campo, o que ameaça a continuidade da atividade agrícola”, alertou.
Pineda defendeu ainda a superação da percepção de que a sustentabilidade é um entrave à produção. Mencionou um projeto de lei que prevê incentivos fiscais a pecuaristas sustentáveis, com foco em rastreabilidade e preservação da Amazônia. “É preciso mostrar que há boas práticas sendo aplicadas. Nosso objetivo é criar um selo ambiental de pecuária sustentável, que agregue valor aos produtos e fortaleça a imagem do produtor responsável. ”
Brasil é modelo de articulação institucional
O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, destacou a experiência brasileira como exemplo de integração bem-sucedida entre o Parlamento e o setor produtivo. “A experiência brasileira mostra que, quando o Parlamento caminha ao lado do setor produtivo, conseguimos avanços concretos. Precisamos fortalecer essa união em nível regional”, disse.
Rodolfo Rossi, presidente da Associação da Cadeia da Soja Argentina (ACSOJA), apresentou um diagnóstico do setor agropecuário argentino, que, segundo ele, sofre com estagnação provocada por um sistema tributário punitivo e instabilidade econômica. “A agroindústria é a maior geradora de divisas do país, mas o produtor é penalizado com retenções injustas e políticas que sufocam a produtividade.”
Rossi estimou que mais de US$ 150 bilhões foram retirados do setor nos últimos 25 anos apenas em tributos sobre os principais cultivos, chegando a US$ 200 bilhões quando considerados outros produtos
Sul pede voz própria nos fóruns internacionais
Encerrando o painel, o vice-presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Sergio Luis
Bortolozzo, defendeu a criação de uma autoridade regional com representação própria em fóruns internacionais.
Ele destacou ainda a importância de iniciativas como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e reforçou a necessidade de uma atuação coordenada entre os países sul-americanos para fortalecer a pauta ambiental na COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). “O mundo precisa ouvir a nossa voz. Temos terra, temos clima, temos gente. Agora é hora de termos união, estratégia e coragem”, finalizou.