
Reunidos na sede do Sindicato Rural de Eunápolis, cidade do sul baiano, os Presidentes de Sindicatos de Produtores Rurais do Sul e Extremo Sul da Bahia, representando milhares de produtores rurais, decidiram no último dia 11 de julho criar um movimento para defendê-los das arbitrariedades do Governo e da Funai e do abandono a que têm sido submetidos.
O Movimento visa, sobretudo, a legalidade e segurança para os produtores. Milhares deles já aderiram ao movimento que pretende organizar nos próximos dias uma mobilização nacional, com a finalidade de chamar a atenção das autoridades sobre a gravidade da situação no sul da Bahia.
O pedido de socorro já foi levado a todas as instâncias da polícia e da justiça, e nenhuma medida foi adotada. Há cerca de um mês a Secretaria Geral da Presidência da República mandou o Sr. Nilton Tubino à região negociar com os índios o fim da violência e das invasões de terra. Depois que a milícia indígena já havia invadido mais de 70% das propriedades incluídas na ampliação da Terra Indígena Barra Velha, Tubino acertou com a milícia que não haveria mais invasões e os índios permaneceriam ocupando as propriedades.
Em reunião com os produtores na ocasião, Tubino disse que o governo sabia que os índios estavam armados e que enviaria a Força Nacional para a região no dia seguinte. A promessa não se cumpriu até agora. Segundo os organizadores do encontro, o clima já é de revolta por parte dos produtores que se sentem obrigados a conviver com homens armados dentro de suas propriedades, se não quiserem morrer. “Os bandidos são contratados nas periferias das cidades e levados para a zona rural. Chegam exibindo suas armas e coagindo os pais de famílias que são obrigados a abandonar suas propriedades, temendo que o pior aconteça”, diz um dos produtores rurais. No mês de abril último, Auder Brito teve sua propriedade invadida por 60 indígenas da Aldeia Boca da Mata.
Eles chegaram à fazenda localizada nas proximidades de Montinho, portando todo tipo de arma, fazendo ameaças e mantendo em cárcere privado sua mãe, uma mulher de 70 anos, e a filha de 44, portadora de deficiência mental. Os indígenas bloquearam o acesso à propriedade com barricadas e ameaçam matar os moradores caso o imóvel não seja expropriado no processo de demarcação. “A intenção é ter uma entidade que represente todos os produtores dessa região e que lhes dê mais legitimidade e força para fazer valer a lei.
Assim foi criado o movimento que tem como objetivo exigir que as Leis sejam aplicadas, que a paz no campo volte a ser estabelecida e que o produtor tenha a tranquilidade para produzir, gerando empregos, renda e riquezas para o país”, afirma o presidente do Sindicato dos Produtores de Eunápolis, Pedro Vailant.
Já o produtor rural, Lindomar Lembranci destaca que o movimento nasceu diante da situação de desamparo sofrido pelos produtores, do completo abandonado, na questão de segurança pública. O produtor lembra que várias propriedades invadidas pela milícia indígena tem mandados de reintegração de posse, mas o poder Executivo impede a execução das ordens judiciais.
Outro objetivo da união do seguimento é a conscientização da sociedade sobre a causa indígena que extrapola os objetivos pelo qual foi criada e é conduzida por pessoas que estão aproveitando da situação, política e financeiramente, de forma criminosa.