fbpx
  • Ir para FPA
Agência FPA
No Result
View All Result
  • Início
  • Notícias
  • Fotos
  • Contato
  • Cadastre seu e-mail
Agência FPA
  • Início
  • Notícias
  • Fotos
  • Contato
  • Cadastre seu e-mail
No Result
View All Result
Agência FPA
No Result
View All Result

A jogada ruralista para fatiar o latifúndio

FPA por FPA
27 de março de 2014
em Artigos
0

Só quem passou os últimos anos recluso em um mosteiro tibetano não sabe que no Brasil aconteceu um debate sanguíneo envolvendo quem ama muito a floresta e quem ama muito a produção, embora nenhum dos lados gostasse desta polarização. Depois de muita discussão sobre a importância das matas ciliares (que ladeiam os rios como se fossem cílios e evitam erosão e deslizamentos), e muito Google para decifrar as diferenças entre apicuns e manguezais, o Código Florestal ficou pronto. Passou pela Câmara e Senado, recebeu os vetos presidenciais e virou a Lei n° 12.651. Ninguém ficou contente, mas foi o resultado político possível diante do cipoal de questões técnicas, interesses econômicos, estudos científicos e visões de mundo distintas. Isso foi em maio de 2012. Dois anos depois, as decisões estão sendo implementadas e está todo mundo tocando a vida? Nada. O Cadastro Ambiental Rural, um instrumento que tanto ambientalistas quanto produtores rurais querem que funcione e é considerado a coluna vertebral do Código, não foi lançado até hoje. O atraso trava tudo. É espantoso.

O registro eletrônico que atende pela sigla CAR serve para identificar o proprietário e a área de propriedade rural, mostrar quem tem passivo ambiental e quem está cheio de ativos florestais. O Ministério do Meio Ambiente trabalhou meses neste instrumento. Criou um sistema nacional, o Sicar, que permite a qualquer produtor baixar o aplicativo no computador, preencher as informações sobre o imóvel e seus limites e indicar nas imagens de satélite onde ficam a Reserva Legal e as Áreas de Proteção Permanente. É um processo de declaração de matas (ou da falta delas) muito parecido ao do Imposto de Renda. O arquivo é depois enviado às secretarias estaduais que analisam os dados. Quem desmatou o que não podia terá 20 anos para consertar o estrago. Se em cada palmo da terra há grãos plantados e não há espaço para nenhuma árvore, pode-se compensar a dívida procurando outra propriedade no mesmo Estado e bioma que tenha ativos, e pagar para que as florestas do vizinho sejam mantidas em pé. Tudo lindo, tudo pronto há meses, mas nada funcionando. “O CAR é o eixo condutor do Código. Tudo é baseado em quem fez o cadastro, da liberação de créditos a incentivos econômicos”, diz Roberto Smeraldi, diretor de políticas da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. “Sem ele é impossível implementar o resto da lei” continua. Por quê, então, o troço não decola? “É um atraso político”, diz o ambientalista.

O mistério veio à tona há alguns dias. O Código Florestal precisa de algumas regulamentações e há dois documentos a serem publicados. Um deles é o decreto sobre o Programa de Regularização Ambiental. Está na Casa Civil há meses. Técnicos do Ministério da Agricultura (MAPA) sugeriram um texto para o ponto que versa sobre a conversão de multas para áreas desmatadas antes de 2008. “Suponha que um produtor rural que, antes de 2008, desmatou uma área em sua propriedade. Podia desmatar, mas não tinha autorização”, ilustra João Cruz Reis Filho, chefe da assessoria de gestão estratégica do MAPA. Como se trata de um erro administrativo, a proposta do Ministério é que a multa vire advertência. Para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) multa é multa, advertência é outra coisa, e o tal parágrafo, uma maluquice. A ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann deixou o abacaxi como legado para seu sucessor, Aloizio Mercadante, descascar.

Dois anos depois, o Código Florestal continua no papel

Há uma segunda investida, mais controversa, e que pode jogar areia em tudo. Deputados mais radicais da base ruralista insistem que o CAR seja feito por matrícula e não por imóvel rural. O argumento da área jurídica do MAPA, que encampou a ideia, é que o dono de um imóvel rural pode ter anexos com matrículas e históricos de ocupação diferentes – um pedaço, por exemplo, pode ter sido comprado em épocas em que o Código Florestal nem existia.

A sugestão arrepia os ambientalistas: trata-se de uma manobra dos grandes proprietários para burlar a legislação e não recuperarem o que desmataram. É que o Código Florestal concedeu benefícios aos pequenos proprietários, com terras até quatro módulos fiscais. Se eles desmataram parte de sua Reserva Legal até 2008, não precisam recuperá-la, por exemplo. Mas isso não vale para as imensas propriedades no Cerrado, onde árvores são artigo raro. Se prevalecer a pressão ruralista, temem os outros, as propriedades serão fatiadas, as matas não serão repostas e os latifúndios irão desaparecer do mapa brasileiro por passe de mágica.

Um detalhe: há 5,4 milhões de imóveis rurais no Brasil. O número de matrículas rurais vai a mais de 70 milhões. Não há CAR que dê conta disso. A pressão de alguns deputados do PMDB pelo registro por matrícula está dividindo o agronegócio. Dentro de entidades como a Confederação Nacional da Agricultura ou a Abiove, da soja, tem gente que não concorda com esta abordagem.

E é assim que os meses passam e o decreto presidencial não sai e nem a instrução normativa do Ministério do Meio Ambiente, que está pronta há meses e explicará como o CAR irá funcionar. Estes dois imbroglios paralisaram o sistema há meses. A Casa Civil diz que o decreto está na iminência de sair – discurso que repete desde outubro de 2013. Dois anos depois do Código Florestal ter sido aprovado, os produtores rurais estão no mesmo quadro de insegurança jurídica de antes.

O arcabouço técnico para que o CAR funcione está pronto há meses. O MMA comprou imagens de satélite do país todo e criou um site federal (www.car.gov.br). Se o sujeito tem uma propriedade rural no Ceará, faz o download e segue as instruções. Se a terra estiver no Espírito Santo ou outro Estado que optou por ter seu sistema próprio, o Sicar o remete ao site estadual. Se o produtor vive em local remoto sem acesso à internet, é só preencher tudo offline e encaminhar para a federação da agricultura local. Funcionários foram treinados nas secretarias estaduais, organizações não governamentais foram capacitadas para ajudar, o Ministério da Agricultura produziu uma bela cartilha. E pensar que o CAR é apenas a primeira parte de um esforço de recuperação de áreas degradadas. O atraso federal faz do início deste processo um enorme vexame.

Daniela Chiaretti é repórter especial. Humberto Saccomandi volta a escrever em abril

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/politica/3496164/jogada-ruralista-para-fatiar-o-latifundio#ixzz2xBfpAbMl

Publicação anterior

Questão indígena. Decisões do STF trazem insegurança jurídica

Próxima publicação

FPA convoca entidades para barrar taxação do complexo soja

Próxima publicação

FPA convoca entidades para barrar taxação do complexo soja

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

75 − 74 =

No Result
View All Result

Participe de nosso Canal

Receba notícias no Telegram

Revista FPA 2021/2022

Últimas do Twitter

Frente Parlamentar da Agropecuária Follow

fpagropecuaria
fpagropecuaria Frente Parlamentar da Agropecuária @fpagropecuaria ·
30 jun

Quando você pensa no agro, pensa só em alimento? 🤔

♻️ Do bagaço da cana ao biodiesel da soja, da madeira de reflorestamento ao biogás — o que sobra na produção vira combustível para a economia girar.

👉 É como se o campo brasileiro fosse uma grande usina verde, que planta,…

4

Reply on Twitter 1939695744983707876 Retweet on Twitter 1939695744983707876 Like on Twitter 1939695744983707876 4 Twitter 1939695744983707876
fpagropecuaria Frente Parlamentar da Agropecuária @fpagropecuaria ·
27 jun

📺 CNN | O RESULTADO É CLARO: É HORA DE CORTAR GASTOS, NÃO AUMENTAR IMPOSTOS!

Em reportagem do Prime Time, da CNN, parlamentares da FPA reagiram à derrubada do aumento do IOF e afirmaram: o governo precisa se preocupar com o povo brasileiro, que está pagando caro por uma gestão…

Reply on Twitter 1938659635344343180 Retweet on Twitter 1938659635344343180 4 Like on Twitter 1938659635344343180 22 Twitter 1938659635344343180
Load More

RSS Últimas notícias

  • Proposta que integra produtores ao Código Florestal avança no Senado
  • FPA cobra ministra do Meio Ambiente sobre impactos ambientais no agro
  • Projeto que fortalece o combate à seca no semiárido avança no Senado Federal
  • Senado aprova Política Nacional de Juventude e Sucessão Rural para fortalecer permanência dos jovens no campo
  • Câmara aprova projeto que garante aposentadoria para trabalhadoras rurais
  • Audiência pública debate securitização das dívidas dos produtores rurais do Mato Grosso do Sul
  • “Plano Safra é propaganda; quem paga a conta é o produtor”, diz presidente da FPA
  • Comissão do Senado aprova projeto de Cleitinho que torna Lei Ambiental mais rígida
  • Senado susta decreto do Executivo sobre IOF
  • Câmara derruba decretos sobre IOF
  • Início
  • Notícias
  • Contato
  • Cadastre seu e-mail
  • Política de privacidade

Site desenvolvido pela Pressy © 2021
Pressy Comunicação e Tecnologia

No Result
View All Result
  • Início
  • Notícias
  • Cadastre seu e-mail
  • Contato
  • Fotos
  • Ir para FPA

Site desenvolvido pela Pressy © 2021
Pressy Comunicação e Tecnologia

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência neste site. Ao fechar esta mensagem sem modificar as definições do seu navegador, você concorda com a utilização deles. Saiba mais sobre cookies e nossa política de privacidade.
Configuração de CookiesAceitar
Manage consent

Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Estes cookies serão armazenados no seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de desativar esses cookies. Mas a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Necessários
Sempre ativado
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para o bom funcionamento do site. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.
Não Necessários
Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados ​​especificamente para coletar dados pessoais do usuário por meio de análises, anúncios e outros conteúdos incorporados são denominados cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.
SALVAR E ACEITAR