O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS) está em Londres, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, para cumprir agenda organizada pela Embaixada do Brasil na Inglaterra. O objetivo da viagem é discutir as relações do setor a partir da possível saída do Reino Unido da União Europeia. “É de fundamental importância discutir nossa imagem, nossa comunicação e, principalmente, aproximar nossas relações com o Reino Unido. Com a saída dele, precisamos saber quais acordos serão mantidos, quais serão alterados e quais os acordos novos que podemos fechar”.
Moreira participou, nessa-quarta-feira (23), do Agrisustainability Talks, evento no qual apresentou os dados do setor agropecuário, que comprovam a sustentabilidade do segundo maior produtor de alimentos do mundo, o Brasil. O deputado Zé Vítor (PL-MG), membro da FPA, também integra a comitiva e levou informações sobre o projeto de combate ao desmatamento ilegal, em tramitação no Congresso Nacional.
Durante sua apresentação, Moreira ressaltou dados importantes sobre áreas de preservação em propriedades rurais. Nelas, o país gera R$ 570 bilhões (US$ 139 bilhões) por ano e é o quarto maior exportador de produtos agropecuários do mundo, com quase US$ 100 bilhões anuais comercializados. “Somos líderes nas exportações de carne bovina, frango, suco de laranja, soja, açúcar e café. E a produção brasileira cresceu 408% em 40 anos. Hoje produzimos 240 milhões de toneladas e, apesar do crescimento enorme, a área agrícola avançou 63%, para 61 milhões de hectares”, afirmou.
O presidente da FPA destacou também que apenas 30,2% dos 851,6 milhões de hectares de área do Brasil são propriedades rurais: 9% são lavouras e florestas plantadas, 8% pastagens nativas e 13,2% pastagens plantadas. “Mais de 66% do território brasileiro é composto por vegetação protegida e preservada. Vale destacar que 20,5% dessa vegetação preservada está nos imóveis rurais, ou seja, os agricultores são os que mais preservam. Estamos falando de 174,3 milhões de hectares”.
Moreira falou ainda sobre a rigidez da legislação ambiental brasileira. De acordo com ele, desde 1935, leis impõem ao produtor rural cotas de preservação ambiental. O atual Código Florestal Brasileiro, de 2012, obriga o produtor a cadastrar sua área e a reservar, para preservação, parte da propriedade por biomas: 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nos demais.
As metas estipuladas para o Brasil no Acordo de Paris, do qual é signatário, também foram mencionadas na apresentação do parlamentar. “Até 2025 vamos diminuir em 37% as emissões de gases de efeito estufa em relação a 2005, e queremos, até 2030, trabalhar para reduzi-las em 43%. É uma meta ambiciosa que temos todas as condições de cumprir”.
O país firmou a meta de reflorestar 12 milhões de hectares, reduzir o desmatamento e recuperar 45 milhões de hectares de pastagens degradadas. “Somos líderes no uso de renováveis. O etanol é quase 50% da demanda de combustíveis e o biodiesel já está em 11% do consumo”, afirmou, destacando que o Acordo também prevê que o país tenha 45% da energia elétrica proveniente de fontes renováveis.
Guerra às fake news – De acordo com Moreira, como há um problema de imagem do Brasil no exterior, a comitiva está levando esses números também para o Parlamento europeu, e pretende fazer visitas a outros países da Europa. “Nossa comunicação tem que ser eficiente e eficaz a tal ponto de, ao invés de permitir que países interessados na competição de mercado depreciem o produto brasileiro, o consumidor europeu nos pague mais porque somos, de verdade, o país que produz com a maior sustentabilidade do mundo. Ninguém chega nem próximo do Brasil em nosso nível de proteção ambiental, inclusive do ponto de vista legal”.
A comitiva segue, nesta sexta-feira (25), para Dublin, na Irlanda, onde terá agenda com lideranças políticas, empresários, investidores, formadores de opinião e imprensa. Também estão previstos encontros com o ministro do Departamento das Finanças; com o prefeito de Dublin e o secretário-geral do Departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio; e com o presidente da Irlanda, Michael Higgins.