Dilceu Sperafico*
O agricultor sabe muito bem que a boa colheita é resultado de trabalho árduo, que inicia na escolha da semente e prossegue no preparo do solo e controle de pragas, até que as plantas estejam maduras e o clima permita a conclusão da tarefa, com a produção devidamente tratada e armazenada.
Já a remuneração da atividade vai depender da qualidade do produto final, custos da produção e de transporte, tributação e comportamento do mercado, o que inclui demanda nacional e internacional e variação cambial.
Em outras palavras, como ensina a sabedoria popular, só se colhe o que se planta, nos mais diferentes sentidos das palavras. Foi esse aprendizado na prática, inclusive, que gerou os conhecimentos técnicos hoje difundidos na formação de diversos profissionais da agropecuária.
A “colheita” dessa evolução está nas constantes boas notícias do agronegócio brasileiro, invariavelmente contrapondo o desempenho de outros segmentos econômicos e sociais do País.
Exemplo disso está em recente informação de que foi o agronegócio que impediu a retração de vagas no mercado de trabalho do País, permitindo saldo positivo no primeiro semestre de 2017.
Na prática, a nova safra recorde literalmente salvou a geração de empregos formais no período, pois o agronegócio gerou 117 mil postos de trabalho com carteira assinada entre janeiro e junho, o melhor resultado desde 2014.
Com isso, compensou o mau resultado de outros segmentos produtivos, como o comércio, com 123 mil vagas fechadas e a construção civil, com redução de 33,1 mil ocupações.
As informações são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego e também mostram que, em junho, foram criados 9, 8 mil empregos no País, com resultado positivo pelo terceiro mês consecutivo.
Mesmo assim, dos oito setores pesquisados, somente geraram vagas no período a administração pública e a agropecuária. Enquanto isso, a construção civil, a prestação de serviços, a indústria de transformação e o comércio eliminaram 8,9 mil, 7, 2 mil, 7, 8 e 2, 7 mil vagas, respectivamente.
Conforme o mesmo levantamento, o salário médio de admissão das vagas formais criadas no Brasil foi de 1.463,67 reais no primeiro semestre de 2017, com aumento real de 3,5%, se comparado com o mesmo período de 2016.
De acordo com cálculos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a geração de vagas deverá crescer a partir de novas modalidades de emprego, estimando em dois milhões as novas ocupações formais no País.
Na prática, no nosso entendimento, o desempenho positivo da geração de empregos no agronegócio brasileiro tem explicações mais simples e objetivas, considerando os interesses de trabalhadores urbanos e rurais e consumidores.
Trata-se da produção de alimentos, com demanda crescente no mundo, devido ao aumento da população e melhoria da renda de consumidores de alguns países, gerando empregos, renda, tributos, segurança alimentar e qualidade de vida.
O Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, conciliando extensão territorial, topografia adequada, solo fértil, recursos hídricos e clima favorável, à capacidade, tradição e vocação do homem do campo, consolidando a cada ano que passa, o agronegócio que hoje garante o desenvolvimento econômico e social do País, cultivando menos de 10% de seu território.
*O autor é deputado federal pelo Paraná