O preço da carne vermelha disparou em todo o país neste mês de novembro. O indicador Esalq/B3, apontou a máxima de R$ 229,10 por arroba do boi gordo, maior valor nominal da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), iniciada em 1994. No acumulado, a alta foi de 34,21%. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), afirma que o principal motivo da alta foram os preços que ficaram estáveis por muito tempo.
Em coletiva de imprensa, nessa última terça-feira (26) na FPA, o deputado destacou que a cadeia produtiva agropecuária estava sem aumento há mais de 10 anos e que, mesmo sendo um grande exportador, o Brasil pode importar proteína para equilibrar o mercado interno. “O campo é livre, você vende e compra. Esse momento é de ajuste da carne brasileira. A questão não é a alta dos preços, é o nosso povo que está ganhando pouco.”
Moreira explicou ainda que quando a arroba do boi gordo estava “lá embaixo, ninguém se preocupou”. Agora, segundo ele, o ajuste do preço está trazendo ganhos ao produtor e dando a possibilidade de uma recuperação. “Nós precisamos gerar empregos e renda para dar mais condições aos produtores de dobrar a capacidade do rebanho bovino no mesmo espaço. Com isso, vamos ter carne e certamente conseguiremos regular o setor. Hoje temos mais de 200 milhões de cabeças no Brasil aptos a abastecer o mercado interno e também a demanda mundial”, disse.
Peste Suína – Entre os motivos de aumento no preço da carne, há fatores relativos ao mercado externo e interno. Dentre as questões, está o aumento de exportações para a China, atingida no final de 2018 pela peste africana — doença hemorrágica altamente contagiosa provocada por um vírus que só atinge suínos.
“O Brasil está tendo a oportunidade de aumentar suas exportações. Esse fator das proteínas animais é global e tem aumentado em todos os países, não só nas carnes vermelhas, mas também de frango, suínos e ovos. Estamos indo para um novo patamar de preços”, enfatizou o deputado Zé Mario (DEM-GO).
Para suprir o consumo dos chineses, só este ano, o país já importou do Brasil 318.918 toneladas de carne bovina, 184.393 toneladas de carne suína, 448.833 toneladas de carne de frango, em transações que totalizaram mais de U$ 3 bilhões, segundo estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat/MAPA).
Atualmente, há 100 estabelecimentos processadores de proteína animal no Brasil autorizados a exportar para a China. O professor de Economia Internacional do Ibmec SP, Roberto Dumas, destaca que, entre agosto de 2018 e 2019, o país asiático aumentou em 54% a importação de carne bovina; em 40%, de suína; e em 48%, de frango.