Dilceu Sperafico*
Os avanços do agronegócio não se resumem à tecnologia de equipamentos, produtividade, qualidade, diversidade e sustentabilidade, viabilizando a crescente produção de alimentos e matérias-primas agroindustriais.
As mudanças estão ocorrendo também na escolaridade e especialização de produtores e trabalhadores rurais e até na redistribuição familiar da condução das atividades produtivas.
As mulheres, graças à sua capacidade, sensibilidade, formação profissional, tradição familiar e dedicação às atividades do campo, estão ganhando espaços no agronegócio e já respondem por 30% dos cargos de direção de propriedades rurais do País.
A mudança foi comprovada por pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, antecipando o Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos resultados deverão ser divulgados nos próximos meses.
O levantamento foi realizado ao longo de 2017, consultando 2.090 agricultores e 717 pecuaristas, de 15 Estados. Conforme o estudo, a participação de mulheres na administração de propriedades rurais brasileiras passou de 10% em 2013, para 30% em 2017.
Com uma em cada três propriedades rurais do País tendo mulheres em funções de comando administrativo, o agronegócio brasileiro está se tornando cada vez mais feminino.
Além disso, mesmo quando não estão na direção principal dos negócios no campo, as mulheres assumem funções de administradoras, dividem atividades com familiares ou estão se preparando para assumir as funções de maior responsabilidade.
Para facilitar essa nova realidade, o aumento do uso da tecnologia no campo, fez com que a força física deixasse de ser barreira para muitas atividades da agropecuária.
Além disso, a pesquisa confirmou que mulheres também estão se preparando mais e melhor para assumir funções de maior responsabilidade na atividade agropecuária. Tanto que uma em cada quatro mulheres do campo tem formação superior, enquanto entre os homens, o percentual é um em cada cinco.
Essa nova dinâmica do agronegócio ganhou destaques mesmo que agricultoras de gerações passadas já administrassem muito bem suas propriedades, embora essa ascensão ocorresse quando só havia filhas mulheres na família, mas também é importante considerar a característica feminina de querer se aprimorar sempre, até mesmo quando assumiam funções no campo após ficarem viúvas ou perdido os pais.
Além disso, com importância crescente do agronegócio e conseqüente revolução cultural, que levaram jovens a continuarem na agropecuária mesmo após cursar faculdades, pois as mulheres não são mais criadas para ficar em segundo plano na vida familiar e profissional e essa transformação do agronegócio é caminho sem volta.
Prova disso é que a faixa etária média dos produtores rurais caiu entre 2013 e 2017, segundo a pesquisa. Em 2017, os agricultores e pecuaristas tinham, em média, 46,5 anos, enquanto em 2013 a média era de 48 anos.
Esses dados confirmam a informação de que os filhos de produtores estão permanecendo no campo. Entre agricultores, as faixas etárias mais baixas, de 18 a 25 anos, de 26 a 35 anos e de 36 a 40 anos, foram as que cresceram entre 2013 e 2017.
O levantamento também apontou que 81% dos entrevistados só exercem a atividade rural. Em 2013, 43% deles tinham única residência no campo e no ano passaram eram 56%. Há cinco anos, 30% diziam ter casas na cidade e no campo, mas em 2017 eram apenas 19%.
*O autor é deputado federal pelo Paraná