Dilceu Sperafico*
As invasões de áreas públicas e privadas e conflitos com trabalhadores rurais e urbanos, empresários e autoridades locais, no Oeste do Paraná, nos últimos anos, mostram o distanciamento dos ditos movimentos sociais da realidade do agronegócio e da economia regional e nacional.
Os Movimentos dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e de Libertação dos Sem-Terra (MLST), não têm ligação com agricultores familiares e empregados rurais, pois se tratam de organizações clandestinas e radicais, movidas pelos princípios do stalinismo, fascismo e nazismo.
Seus líderes, membros e objetivos estão na contramão da história e da evolução da agropecuária brasileira e mundial e a cada dia se distanciam cada vez mais dos verdadeiros trabalhadores rurais.
O fracasso de assentamentos, com o abandono, arrendamento e venda de lotes, além da dependência de recursos do contribuinte, comprovam a inviabilidade da reforma agrária pregada pelo governo, em benefício exclusivo de seus aliados.
Se integrantes dos ditos movimentos sociais realmente desejassem cultivar a terra e sustentar a família honestamente, ocupariam vagas de trabalho no campo ou buscariam o crédito fundiário, para sobreviver e crescer na atividade rural.
Como sabemos, falta mão-de-obra no campo, mesmo com vantagens de moradia barata ou gratuita e junto ao local de trabalho, alimentação e outros benefícios, levando os produtores a investir na mecanização.
Como a agropecuária exige extrema dedicação e conhecimentos básicos em agronomia, veterinária, legislação ambiental e sanitária e mercado de alimentos, entre outros, no Sul do País já há mais trabalhadores com curso superior no agronegócio do que nas atividades urbanas.
O agronegócio, não custa lembrar, abrange a agricultura empresarial, agricultura familiar, pecuária, agroindústria e serviços de apoio, como o transporte e a assistência técnica.
Os confrontos de posicionamentos entre sem-terra e trabalhadores urbanos e rurais de Quedas do Iguaçu, Santa Terezinha do Iguaçu e São Pedro do Iguaçu, portanto, ressaltam a divisão ideológica, profissional e moral entre ambas os segmentos.
Nestes e demais municípios do Oeste do Estado, não se sabe de manifestações individuais ou coletivas em favor dos sem-terra, com a exceção de advogados que os defendem e radicais ideológicos.
Entre a sociedade já há a consciência de que a reforma agrária é totalmente inviável na realidade atual e se o governo realmente deseja usar recursos públicos para sustentar aliados hoje mantidos em acampamentos e assentamentos, que os abrigue em instituições assistenciais urbanas, de forma temporária, exigindo em troca da moradia e alimentação, freqüência de cursos profissionalizantes e a aceitação de vagas ofertadas no mercado de trabalho, tanto urbano quanto rural. Afinal, até mesmo o seguro desemprego é temporário e exige retornos semelhantes.
Outra prova contundente da inviabilidade da reforma agrária, é o êxodo rural, até mesmo em projetos de colonização inovadores e bem sucedidos, como o da Fazenda Britãnia, em Toledo e municípios vizinhos.
Mesmo restringindo a venda de lotes de até 20 alqueires e selecionando agricultores com vocação e tradição na mecanização agrícola, diversificação da produção e consorciação da lavoura à pecuária, a população rural só superou a urbana por pouco mais de 20 anos, devido à migração de filhos de produtores em busca do conforto das cidades.
*O autor é deputado federal pelo Paraná