Um dos temas tratados na primeira reunião almoço de 2013 da Frente Parlamentar da Agropecuária foi o pleito da ABRAPA (Associação Brasileira de Produtores de Algodão) pelo reajuste do preço mínimo, defasado há dez anos. Os parlamentares se posicionaram em defesa da causa.
Como é do seu conhecimento, após um grande esforço dos produtores brasileiros de algodão,passamos de importador de pluma para a posição de terceiro maior exportador do produto. Naúltima safra, cultivamos 1.391.740 hectares de algodão em nove estados. A boa gestão, atecnologia e o empreendedorismo dos agricultores dessas regiões resultaram em altasprodutividades e na obtenção de fibra de alta qualidade. Conquistamos credibilidade no mercadointernacional graças ao trabalho permanente de marketing do algodão brasileiro desenvolvidopela Abrapa, em parceria com as suas associações estaduais.Visando divulgar e promover o nosso algodão, realizamos pelo menos 3 missões anuais denegócios em diferentes países. Nessas oportunidades, apresentamos aos compradores dasindústrias têxteis, não só o nosso produto, como também a forma correta e eficiente empregadano nosso processo de produção.Hoje, a cadeia do algodão é a única que possui implantado um eficiente sistema derastreabilidade que acompanha os fardos desde a fazenda produtora até as portas das indústrias, etambém um protocolo de certificação que contempla os pilares ambiental, social e econômico,certificando que as fazendas produtoras de algodão e, consequentemente o produto obtido nessasfazendas, encontra-se 100% de acordo com o que determina a legislação do trabalho, ambiental eadota todos os preceitos das boas práticas agropecuárias.Presidência/019_2013Fl 2- 4A cotonicultura nacional movimentou, na última safra, US$ 6.423.160.000,00. Os cotonicultoresinvestiram US$ 1.478.510.000,00 em insumos agrícolas e US$ 214.660.000,00 em máquinas.Empregaram, diretamente no cultivo e manejo do algodão, 14.241 pessoas, movimentando umamassa salarial de US$ 132.230.000,00 e geraram US$ 7.703.040.000,00 de impostos.A retração do preço da pluma de algodão, aliada à elevação dos custos de produção e àdefasagem no preço mínimo da cultura, que não sofre nenhum reajuste há 10 anos, levaram oscotonicultores a reduzir significativamente a área plantada na safra 2012/2013. Espera-se umaredução de 33%.Uma retração dessa magnitude tem efeitos imediatos na geração de renda ao longo da cadeia doalgodão. No que se refere à receita oriunda da comercialização da pluma, estima-se uma reduçãode aproximadamente 55%, essa retração se explica pela queda do volume produzido e do preçopraticado.Por si só, a queda da área plantada resulta na redução da utilização de insumos para o plantio etratos culturais, assim estima-se que o faturamento da indústria fornecedora de insumos com asvendas para a cultura do algodão caia aproximadamente 35% em relação à safra passada.Da mesma forma, o impacto nos investimentos em máquinas e equipamentos tende a sersignificativamente maior. Sem o aumento de área plantada, não há estímulos para a realização deinvestimentos. Dessa forma, os negócios devem se restringir à reposição, sobretudo deimplementos e equipamentos. Com isto estima-se uma redução de 60% neste tipo deinvestimento voltado à cultura do algodão.A redução de área poderá resultar na demissão direta de 20% do efetivo alocado no cultivo dealgodão.Presidência/019_2013Fl 3- 4Por fim, a redução na renda ao longo da cadeia resulta na queda da arrecadação de impostos,estima-se que com a redução da área cultivada, a arrecadação caia cerca de 3%, o que significauma perda de US$ 195,95 milhões para os cofres públicos.Senhor Secretário, mais sério que a redução de área plantada na presente safra, será a tendênciade se desativar o sistema produtivo de algodão brasileiro, substituindo a área de algodão pelasculturas de soja e milho. A retomada dos investimentos na produção de algodão levará mais de10 anos para se reestabelecer.Com o cenário de preços internacionais reprimidos, crise econômica mundial e nenhumagarantia de apoio governamental através da Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM,sob a responsabilidade do Mapa, seremos obrigados a abandonar o cultivo dessa importantefonte de geração de empregos e divisas para o Brasil.Solicitamos o seu empenho no sentido de viabilizar o imediato reajuste do preço mínimo doalgodão, como única forma de dar mais segurança aos produtores para que os mesmoscontinuem investindo na cultura, apoiados por uma coerente política de preços mínimos paraampará-los em um eventual agravamento da crise.Segue abaixo a planilha com o comparativo dos preços mínimos de arroz, milho, soja e feijão,cujos preços mínimos estão acima do custo de produção, de acordo com o que determina alegislação brasileira e o comparativo entre o custo de produção e o já defasado preço mínimo doalgodão.PRODUTOArroz – RSMilho – PRSoja – PRPREÇOS MÍNIMOS E CUSTOS DE PRODUÇÃOCUSTO DEPRODUÇÃO23,5313,8022,50PREÇO MINMO25,8017,4625,11Feijão – PRAlgodão*Algodão**Algodão***53,6421,4456,4261,2972,0015,6044,6044,60Custo Variável de Produção – Base Maio/2012 – CONABPreço Mínimo Safra 2012/13*Algodão em caroço**Algodão em pluma com rendimento de 38%*** Algodão em pluma com o mesmo fator de conversão do atual preçomínimo de 35%Dado o exposto, a Abrapa, solicita o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, no sentido de que seja atualizado o valor do preço mínimo do algodão, dosatuais R$ 44,60/@ para R$ 61,00/@ a vigorar ainda na safra 2012/13.Certos de que poderemos contar com a sua valiosa colaboração.Atenciosamente,Gilson Ferrúcio Pinesso,
Presidente da Abrapa,
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.