Dilceu Sperafico*
Se o agronegócio brasileiro já lidera a geração de emprego, renda, tributos, riquezas, estabilidade social e superávits na balança comercial do País, contribuiria ainda mais para o desenvolvimento econômico e o bem-estar da população, agregando valores à produção agropecuária.
Produzindo grãos e proteínas animais, abastecendo o mercado interno com alimentos de qualidade e acessíveis a todos os consumidores e exportando os excedentes, o agronegócio já é diferencial no enfrentamento da crise econômica e social, mas transformando a produção primária, ajudaria ainda mais na superação das dificuldades dos últimos anos.
Para isso, teria de aumentar a produção e exportação de manufaturados ou derivados de grãos e carnes, muito mais valorizados no mercado internacional de alimentos.
Se o valor alcançado pelo quilo da carne in natura, por exemplo, é muito superior ao de grãos de soja e até mesmo de farelo e óleo, o rendimento seria ainda maior com a venda do produto já industrializado e pronto para consumo.
O Oeste do Paraná, o Estado e outras regiões do País, para o bem do campo e das cidades, já sediam agroindústrias modernas e eficientes, que transformam a produção de grãos em carnes, leite e derivados, destinados ao mercado interno e às exportações para mais de uma centena de nações importadoras.
Dessa forma, estimulam a produção primária, garantindo mercado e preços compensadores para os agricultores, geram emprego, renda e tributos para as cidades, agregam valores à economia local e promovem o desenvolvimento econômico e social dos municípios e do País.
Está certo que a agregação de valores no agronegócio não pode ser comparada aos benefícios da produção mineral, onde o valor de um quilo de metal bruto se multiplica por milhares no peso equivalente de equipamentos, como computados, eletrodomésticos e automóveis, mas o processo é semelhante e está ao alcance de todas as regiões produtoras de alimentos do País.
Exportar produtos primários é transferir gratuitamente ao país comprador os benefícios como emprego, renda, tributos e estabilidade social de todo o processo de transformação, embalagem e distribuição dos derivados, até sua venda aos consumidores.
Por isso, conforme especialistas, o agronegócio brasileiro que vem impulsionando a economia mesmo em tempos de crise política e econômica, precisa investir cada vez mais na agregação de valor, garantindo maior rentabilidade aos produtores rurais.
O agronegócio brasileiro, já representa 30% do PIB nacional, com renda de cerca de 1,3 trilhão de reais por ano, gerando 30% dos empregos e sendo responsável por 50% das exportações do País, mas para manter e avançar nessas posições, precisa evoluir.
A agropecuária é o setor que vem salvando o País, mas necessita melhorar seu desempenho, agregando valor à sua produção, pois exportar matérias-primas não garante rentabilidade e faz do Brasil a colônia do mundo, incapaz de impor o valor de seus produtos.
Além das dificuldades da economia globalizada, que atingem diretamente a demanda de matérias-primas, o cenário político nacional, afetado por escândalos de corrupção, interfere na recuperação da economia, pois não há mais recursos para créditos e é necessário achar soluções para preservar o agronegócio e demais segmentos produtivos, diante do rombo de 170 bilhões de reais nos cofres públicos.
*O autor é deputado federal pelo Paraná