A Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (26), audiência pública para discutir os investimentos necessários ao desenvolvimento do transporte ferroviário de cargas no Brasil. O encontro, proposto pelo deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), também abordou a possibilidade de inclusão do setor no Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima).
Durante a reunião, o parlamentar destacou que a migração do modal rodoviário para o ferroviário é estratégica para a descarbonização da economia brasileira. “O transporte ferroviário de cargas é intrinsecamente mais sustentável que o rodoviário, emitindo 85% menos gases de efeito estufa por tonelada-quilômetro transportada. Todos sabem que a ferrovia é um símbolo de infraestrutura sustentável”, afirmou.
Segundo Ayres, as ferrovias respondem atualmente por cerca de 20% da carga transportada no Brasil, mas representam apenas 2,63% das emissões totais do setor. “É fundamental buscarmos investimentos, inclusive com recursos do Fundo Clima, para expandir este modal estratégico e sustentável. Calcula-se que aumentar a participação ferroviária em apenas 4% teria um impacto equivalente a zerar todas as emissões do próprio setor ferroviário”, completou.
Estudos apresentados na audiência apontam que cada aumento de 1% na participação ferroviária na matriz de transporte pode evitar a emissão de 2 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente ao reflorestamento de uma área do tamanho da região metropolitana de São Paulo.
Atualmente, o Brasil possui cerca de 30 mil km de trilhos. Pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão em andamento 870 km de novas ferrovias, entre elas a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), com 485 km em obras, e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), com 383 km. Ayres ressaltou a relevância dessas obras para o Tocantins e para o Matopiba, região produtora de grãos, que poderá ampliar o escoamento pelo Porto do Itaqui (MA) e pelo Porto de Vila do Conde (PA), reduzir custos e aproximar o Brasil dos principais mercados internacionais.
O presidente da comissão destacou, ao encerrar os debates, que o trabalho do Parlamento vai além de diagnósticos e exige medidas concretas. “A responsabilidade da Câmara é formar inteligência coletiva sobre o tema, de modo que possamos contribuir com dedicação, trabalho e, quando necessário, por meio das emendas parlamentares e da elaboração do orçamento anual”, afirmou.
Participaram ainda da audiência o secretário nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro; o subsecretário de Sustentabilidade da pasta, George Yun; o diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Davi Barreto; e o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.