A reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), desta quarta-feira (17), recebeu o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para tratar dos bastidores da Conferência do Clima, realizada em Glasgow, entre os dias 31/12 e 12/11. A bancada debateu, ainda, a respeito dos biocombustíveis e as dificuldades que o setor tem enfrentado em relação ao tema.
O ministro Joaquim Leite destacou a firmeza do Brasil nas negociações realizadas na Conferência do Clima e ressaltou a importância de levar ao mundo a verdadeira imagem do país. “Mostramos que somos parte da solução para a sustentabilidade, a despoluição e a economia verde. Os outros países entenderam que precisam de nós para negociar e avançar nas pautas ambientais”, afirmou.
Joaquim pontuou que todas as estratégias foram traçadas muito antes da viagem e que o intuito sempre foi o de colocar o Brasil no comando das ações, como um dos motores do planeta. “Ouvi algumas vezes que deveríamos parar o mundo para cuidar do meio ambiente. Eu penso que precisamos acelerar o mundo, para criar emprego, tecnologias, avançar em pesquisar e, com isso, termos condições de equilibrar as questões ambientais”.
O setor agropecuário brasileiro, segundo o ministro, vai liderar no exemplo de redução de emissão de gases, na diminuição de desmatamento, entre outros fatores primordiais para um meio ambiente harmonioso. “Nós mostramos que nossa política é sustentável e que já fazemos nossa parte. Vamos continuar jogando o jogo, sempre com a ajuda do agro, setor que nenhum outro país tem igual”.
Além das estratégias nos bastidores, o chefe da pasta do Meio Ambiente lembrou aos participantes que o stand brasileiro montado no evento foi um sucesso, e atraiu não apenas os interessados em negociar, mas também quem se impressionou com as novidades apresentadas pelo país. “Apresentamos o biocombustível, que certamente foi um belo cartão de visitas. Além de ser o melhor do mundo, faz parte da economia verde que tanto falamos e que desejamos inserir o Brasil como protagonista. Tenho certeza que faremos uma transição justa entre os combustíveis fósseis e os biocombustíveis”, finalizou Joaquim.
O presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), aproveitou a referência feita por Joaquim em relação aos biocombustíveis para externar a preocupação do setor sobre o tema. Para o deputado, biocombustíveis é um tema que se não for bem cuidado, morre. “Todo biodiesel nacional tem qualidade superior a qualquer outro produzido mundo afora. É imprescindível explicar que os custos no futuro serão muito maiores caso não adotemos uma nova política em relação aos bioinsumos”, enfatizou.
De acordo com Sérgio Souza, convidar para o debate se torna fundamental no esclarecimento das dúvidas e encontrar soluções a curto prazo. “Creio que não seja uma questão apenas legislativa. Estamos fazendo nossa parte no Congresso, mas é determinante que toda a sociedade possa se inteirar pela seriedade do assunto”, concluiu.
No entendimento do deputado Pedro Lupion (DEM-PR), “é o momento mais desafiador da política de biodiesel”. Segundo o parlamentar, o país está fadado a assistir o fim de um setor imprescindível, por falta de previsibilidade. “Nós apresentamos para o mundo essa ideia através da COP e o mundo está caminhando para o fim dos combustíveis fósseis. Internamente, entretanto, ainda não conseguimos agradar da mesma forma”, lamentou.
O coordenador de infraestrutura e logística da FPA, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), recorda a necessidade de olhar para os biocombustíveis como uma solução para as questões sociais, econômicas e ambientais. “Por acreditarmos nas vantagens é que formalizamos a Biocoalizão em defesa dos biocombustíveis. Há pressão internacional e argumentos fora da realidade, mas temos estudos que provam a eficácia do que defendemos”, garantiu.
O deputado federal Zé Silva (SD-MG), que esteve presente em Glasgow para a Conferência do Clima, celebrou a participação do Brasil e salientou o poder de negociação de Joaquim Leite. “Posso dizer que o Brasil acertou em todos os pontos, desde o stand apresentando o Brasil real, até as negociações bem efetuadas pelo ministro. Quem pensou que o nosso país não poderia ser competitivo, agora mudou de ideia”, encerrou.
A próxima reunião com os parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária está marcada para terça-feira (23), e contará, novamente, com a presença do ministro Joaquim Leite. No próximo encontro serão tratados assuntos exclusivamente relacionados à COP-26 e os desdobramentos dos acordos firmados.