Na primeira reunião-almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) comandada pelo seu novo presidente, deputado Nilson Leitão (PSDB), um dos assuntos que mais recebeu atenção foi a importação de café, autorizada nesta semana pelo Ministério da Agricultura.
Segundo Nilson Leitão, a FPA não deseja entrar em rota de colisão com o Ministério da Agricultura, mas também não vai deixar de colocar suas posições e defendê-las. “Não somos contra a abertura do mercado, mas somos contra a forma e um momento como esse, em que inicia uma safra. Você passa por todo o sofrimento do plantio e na hora em que vai colher para vender à indústria brasileira vem um concorrente internacional para disputar com o seu produto. Nós achamos que isso poderia ter sido mais debatido.”
Nilson Leitão afirmou que os parlamentares da FPA vão tentar convencer o ministro Blairo Maggi e o presidente Michel Temer de que não é momento de entrar café de fora. “Em um momento de crise e de desemprego você vai enfraquecer um mercado como o do café? Não é coerente”, lamentou o presidente da FPA.
O deputado Evair de Melo (PV-ES) disse que estradas já estão sendo fechadas no Espírito Santo em protesto à importação de café. Segundo ele, fatos estranhos estão acontecendo e que podem destruir a cafeicultura brasileira. “Queremos alertar o presidente Michel Temer que a decisão dele de dar prosseguimento a essa irresponsabilidade vai trazer consequências econômicas, políticas e ambientais, pois há risco real de novas pragas, doenças e ervas daninhas entrarem no território brasileiro”, afirmou Evair.
O deputado Carlos Melles (DEM-MG) entende que falta uma política para o café no Brasil. “É o único produto que tem um fundo, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira. Ele precisa ser usado para ter estoque regulador, para ter preço mínimo de garantia, crédito de custeio e crédito de comercialização. Tomara que esse puxão de orelha sirva para abrir os olhos do Brasil, que está há 12 anos sem política para o café”, afirmou. Para Melles, a importação é um erro político e administrativo que está sendo cometido, criando uma pauta negativa desnecessária para o governo.
Outros assuntos também foram debatidos na reunião da FPA, como o projeto de lei 3729/2004, sobre licenciamento ambiental, o PL 6787/2016, sobre a reforma trabalhista, e a PEC 287/2016, da reforma da Previdência.