O grande tesouro do povo brasileiro está no solo, mas não se trata de minas de ouro, prata, diamante ou de outras pedras preciosas, como também não são reservas de petróleo ou gás natural.
O maior patrimônio do País está em sua extensão territorial, topografia favorável, fertilidade da terra, generosidade do clima e abundância de recursos hídricos.
Os recursos naturais, somados à tradição, vocação, competência, dedicação e tecnologia do agricultor brasileiro, garantem ao País vantagens muito grandes sobre seus concorrentes, na produção e exportação de alimentos.
Com relação à água, por sinal, o diferencial é ainda maior, pois segundo especialistas, a escassez de recursos hídricos atingirá dois terços da população terrestre em 2050.
O desequilíbrio, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), se deve ao uso excessivo e abusivo da água para o atendimento das diversas necessidades do ser humano, o que inclui a produção de alimentos.
Conforme o órgão, cerca de 40% da população mundial já sofrem com a falta de água, especialmente do líquido potável, em proporção que deverá atingir quase 70%, dentro de 35 anos.
O mais grave dessa constatação é que não se conhece meios para reverter a crise, na medida em que o cultivo e oferta de alimentos depende de água, pois não existe agropecuária sem recursos hídricos para irrigação natural ou artificial, periódica e no volume necessário.
Para debater a situação, a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), realizaram no dia 18 de agosto último, em Brasília, o Seminário “Uso Sustentável da Água na Agricultura: Desafios e Soluções”.
Os objetivos do evento foram debater a escassez de água no mundo e as experiências bem sucedidas de países que enfrentam de maneira eficiente e há algum tempo, a falta de recursos hídricos, como ocorre com Israel, Austrália e Estados Unidos, entre outros.
Como a disponibilidade de água é decisiva para o presente e o futuro do agronegócio, a CNA entende que o tema deve ser analisado e debatido por toda a cadeia produtiva, visando a prevenção e solução de dificuldades previstas e apontadas pelos especialistas.
A CNA entende ser importante debater a falta de recursos hídricos no mundo, como tema muito relevante para o setor agropecuário.
Como também avaliamos, a entidade entende que a água e a terra são o grande capital do produtor rural e para evitar prejuízos maiores, o agricultor deve estar consciente da crise hídrica mundial e assim buscar a irrigação eficiente, onde ela se faz necessária, como é o caso do sistema por gotejamento.
Com menos custos e utilização de menor volume de água, esse tipo de irrigação tem ciclo positivo, permitindo a recomposição de mananciais, pois é distribuída de forma pontual, junto às raízes das plantações.
As gotas logo se infiltram na terra e formam padrão de umedecimento da terra, com ou sem continuidade de faixa úmida. Junto com a tecnologia, os produtores precisam adotar outras medidas preservacionistas importantes, como são a proteção ou reposição de matas ciliares, cuidados com nascentes e manutenção de cobertura florestal, especialmente em áreas impróprias para a agricultora.
Já autoridades e a população precisam cuidar da preservação da água nas cidades, pois rios urbanos são muito mais poluídos e mal utilizados do que os da área rural.
*O autor é deputado federal pelo Paraná