fbpx
  • Ir para FPA
Agência FPA
No Result
View All Result
  • Início
  • Notícias
  • Fotos
  • Contato
  • Cadastre seu e-mail
Agência FPA
  • Início
  • Notícias
  • Fotos
  • Contato
  • Cadastre seu e-mail
No Result
View All Result
Agência FPA
No Result
View All Result

Âncora verde

FPA por FPA
8 de julho de 2014
em Artigos
0

Toda a Nação, orgulhosamente, comemorou na semana passada os 20 anos do real. Na história da moeda que serviu à estabilização da economia brasileira, um capítulo especial, a ser reconhecido, cabe à agropecuária. Sua capacidade de produção ajudou, decididamente, a segurar o preço dos alimentos. Âncora verde.

Excluindo quem vivia do mercado financeiro, tudo era muito difícil naquela época de inflação galopante. É verdade que, no campo, o agricultor ganhava com a valorização de seu principal patrimônio, a terra. Mas sua renda, que importa no bolso, regra geral se comprometia pelo controle existente seja no preço mínimo dos produtos agrícolas, seja nos preços do varejo. Todo governo teme a carestia e sonha com o alimento barato na mesa do povo. Sempre se esquecem, porém, da justa remuneração aos produtores rurais.

Existem características próprias do ciclo de produção no campo. Primeiro, a natural demora do crescimento vegetal, desde o plantio até a colheita, ou, na pecuária, até completar o ciclo animal. Segundo, a sazonalidade da safra, em função da estação do ano, da época de chuvas e do calor. A indústria e o comércio enfrentam a inflação reajustando os preços rapidamente, no agro tal procedimento é impossível. Aqui mora o perigo constante do descasamento entre custos e receitas rurais. A margem de lucro quase sempre fica com o intermediário.

A superinflação iludia. Os produtores rurais tomavam créditos que os endividavam sem perceberem: juros sobre juros, correção monetária, mata-mata de empréstimos, cheque especial se misturando com capital de giro, perdia-se a verdadeira conta dentro daquela ciranda financeira. Na década de 1990, os sucessivos, e desastrados, planos econômicos do governo Collor complicaram a situação. Os bancos, espertamente, aproveitaram-se das crises para imputar débitos irregulares na conta dos agricultores. O produtor financiava um trator, pagava várias prestações, mas quando ia apurar sua dívida o extrato bancário indicava que ele, ainda, devia o valor correspondente a três tratores. Parece gozado, mas era uma tristeza.

Quando, finalmente, chegou a estabilização da moeda, em 1994, a grande maioria dos agricultores nem sabia ao certo o tamanho de seu problema. Seu endividamento, porém, sem a fumaça da inflação, se tornou gigantesco. Para piorar, no início do Plano Real os contratos de financiamento foram corrigidos em cerca de 40%, sem nenhuma correspondência com os preços agrícolas. Nesse contexto, com a rentabilidade ameaçada e os bancos apertando-lhes o calo, estourou a primeira grande manifestação pública dos ruralistas em Brasília, apelidada de “tratoraço”. O recálculo das dívidas bancárias era sua principal bandeira.

Na confusão, em meados de 1995 o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou o atendimento de algumas reivindicações dos ruralistas, reconhecendo que a agricultura havia cumprido papel decisivo no êxito do Plano Real. “Só não posso aceitar o calote”, afirmou FHC. A frase tinha endereço certo: as sanguessugas do poder público, aqueles malandros que, em qualquer setor, enriquecem com o dinheiro do Tesouro e depois inventam uma causa altruísta para exigir o “perdão” das dívidas. Nada que ver com a esmagadora maioria dos agricultores que protestavam. Porém, como sói acontecer, o discurso acabou distorcido, como se o presidente tivesse chamado todos de caloteiros. E a opinião pública passou a condenar os ruralistas, acusando-os de querer mamata.

O professor Fernando Homem de Melo, da USP, um dos maiores economistas agrícolas do País, acompanhava de perto os acontecimentos. Seus cálculos mostravam que entre 1984 e 1985 havia ocorrido uma “impressionante redução” de 25,8% na receita do setor agrícola vegetal, atestando que a choradeira ruralista partia de bases concretas. Verificara-se, de fato, uma deterioração na renda agregada da agropecuária, um forte tranco causado pela conjunção de vários fatores, incluindo a política cambial e a redução de tarifas na importação de certos produtos, como trigo e algodão. Vértebras quebradas.

O governo, impulsionado pelo Congresso Nacional, acertou nas medidas corretivas, principalmente ao promover a securitização (alongamento) de boa parte das dívidas, incluindo as assumidas pelas cooperativas agropecuárias. Aos poucos as coisas foram se acomodando no campo, como, de resto, em toda a economia brasileira. Eliminado o monstro inflacionário, o esforço produtivo começou a render mais que a aplicação financeira. A moeda estável dera um golpe de morte no patrimonialismo. Dali em diante valeriam o trabalho, o empreendedorismo, a tecnologia. O real mudou o Brasil.

Com o programa Moderfrota, operado pelo BNDES a partir de 2000, os produtores rurais conheceram a maravilha da prestação fixa no financiamento de máquinas e implementos agrícolas. Ninguém jamais havia visto aquilo acontecer: você comprava uma colheitadeira e pagava as prestações sempre com o mesmo valor. Agora banal, na época parecia um sonho.

Feita a transição, com muito sacrifício, a safra nacional de grãos bateu, em 1999, um recorde de 82,4 milhões de toneladas. Quatro anos depois, estabilizada a economia e arrumada a casa, a colheita da safra plantada no último ano do governo FHC atingiu 123,2 milhões de toneladas, vertiginoso crescimento de 49,5% em apenas quatro anos. A luz do futuro se acendera.

Hoje a agropecuária brasileira se superou: abastece o mercado interno e exporta para o mundo. A âncora verde continua ativa: o superávit na balança comercial agrícola, de US$ 83 bilhões, paga a conta das importações nacionais. Sem o campo não se moveria a cidade.

*AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DE AGRICULTURA E SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Publicação anterior

Para ruralistas, protocolo vai encarecer produção

Próxima publicação

Vou votar no agronegócio

Próxima publicação

Vou votar no agronegócio

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

6 × = 30

No Result
View All Result

Participe de nosso Canal

Receba notícias no Telegram

Revista FPA 2021/2022

Últimas do Twitter

Frente Parlamentar da Agropecuária Follow

fpagropecuaria
fpagropecuaria Frente Parlamentar da Agropecuária @fpagropecuaria ·
22h

O presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre (@davialcolumbre), falou agora há pouco, de forma contundente, sobre atitude do governo de aumentar o IOF sem dialogar com o parlamento.

Confira!

Reply on Twitter 1927873884889456706 Retweet on Twitter 1927873884889456706 15 Like on Twitter 1927873884889456706 92 Twitter 1927873884889456706
fpagropecuaria Frente Parlamentar da Agropecuária @fpagropecuaria ·
23h

▶️ Confira:

📺 Lupion sobre IOF: "É preciso que o Governo repense e seja responsável com as contas públicas"

Em entrevista ao vivo na CNN Brasil, o deputado Pedro Lupion (@pedro_lupion), presidente da FPA, reafirmou a posição contrária ao aumento do IOF.…

Reply on Twitter 1927854477945545156 Retweet on Twitter 1927854477945545156 Like on Twitter 1927854477945545156 3 Twitter 1927854477945545156
Load More

RSS Últimas notícias

  • Zequinha Marinho promove debate sobre o Plano Safra 2025/2026 e cobra segurança para o produtor
  • Senado aprova PDL que suspende decretos de demarcação de terras indígenas em Santa Catarina
  • Coalizão de Frentes Parlamentares se une para revogar decreto que aumenta IOF
  • FPA cobra soluções do governo para socorrer produtores rurais do Rio Grande do Sul
  • FPA e FPE mobilizam base parlamentar e setores produtivos para garantir segurança jurídica e ampliar o financiamento ao agro e ao mercado imobiliário
  • Endividamento de produtores gaúchos preocupa senadores da FPA
  • Coalizão de frentes parlamentares lança manifesto contra o Decreto do IOF
  • Manifesto – Em apoiamento ao PDL 214/2025 que susta os efeitos do Decreto 12.466, de 22 maio de 2025
  • CVM amplia acesso de cooperativas ao FIAGRO e fortalece financiamento do agronegócio
  • Crédito do FNO será ampliado para agricultores familiares com posse reconhecida pelo INCRA
  • Início
  • Notícias
  • Contato
  • Cadastre seu e-mail
  • Política de privacidade

Site desenvolvido pela Pressy © 2021
Pressy Comunicação e Tecnologia

No Result
View All Result
  • Início
  • Notícias
  • Cadastre seu e-mail
  • Contato
  • Fotos
  • Ir para FPA

Site desenvolvido pela Pressy © 2021
Pressy Comunicação e Tecnologia

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência neste site. Ao fechar esta mensagem sem modificar as definições do seu navegador, você concorda com a utilização deles. Saiba mais sobre cookies e nossa política de privacidade.
Configuração de CookiesAceitar
Manage consent

Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Estes cookies serão armazenados no seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de desativar esses cookies. Mas a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Necessários
Sempre ativado
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para o bom funcionamento do site. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.
Não Necessários
Quaisquer cookies que podem não ser particularmente necessários para o funcionamento do site e são usados ​​especificamente para coletar dados pessoais do usuário por meio de análises, anúncios e outros conteúdos incorporados são denominados cookies não necessários. É obrigatório obter o consentimento do usuário antes de executar esses cookies em seu site.
SALVAR E ACEITAR