O presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, assinou hoje (20) ato criando uma comissão especial para debater a implantação do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar em todo o território nacional. Trata-se de uma antiga reivindicação dos membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) empenhados em estimular o cultivo dessa lavoura em áreas degradadas e onde houver terras com essa aptidão, e que possam ser utilizadas sem afetar diretamente a produção de alimentos ou mesmo prejudicar o meio ambiente.
“O Brasil não precisa incorporar novas áreas ao processo produtivo nem tão pouco derrubar uma árvore sequer na mata nativa, seja na Amazônia, no Pantanal, no Alto Araguaia, ou qualquer outro bioma, para expandir o cultivo da cana-de-açúcar.” Esta é a opinião do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), presidente em exercício da FPA, ao comemorar a criação dessa comissão especial, cuja instalação está prevista para a próxima semana. Tão logo os partidos indiquem os seus representantes, a comissão definirá seu programa de trabalho.
Políticas Públicas – Segundo os membros da FPA, a ideia da criação dessa comissão especial surgiu da necessidade de se avaliar, indicar e identificar o potencial das terras para a expansão da cana-de-açúcar onde houver vocação para essa cultura. E a partir daí fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas para ordenar a produção em plena harmonia com o meio ambiente. O trabalho final da comissão visa também oferecer alternativas econômicas sustentáveis aos investidores e produtores e com isso gerar renda, emprego e excedentes exportáveis.
Estudos elaborados por conceituadas entidades mostram que a produção de bioetanol, como produzido no Brasil, pouco afeta a produção de alimentos, pois utiliza espaço muito reduzido em relação à área cultivada com alimentos e as áreas disponíveis para expansão de atividades agrícolas em geral. Atualmente, são cultivados com cana 8,5 milhões de hectares, apenas 2,6% da superfície agrícola do país potencialmente de 330 milhões de ha. Hoje a colheita é de 595 milhões de toneladas, sendo 50% destinados à fabricação de açúcar e 50% de etanol.
A cana-de-açúcar representa a principal fonte de energia renovável na matriz energética brasileira. Está provado que o bioetanol produzido nas condições brasileiras mostrou-se competitivo com o petróleo. Além disso, o seu uso permite reduzir em quase 90% as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para mitigar a mudança climática. Nas condições atuais, para cada milhão de m3 de etanol de cana empregado na mistura com a gasolina, cerca de 1,9 milhão de toneladas de CO2 deixa de ser jogado na atmosfera.