Na eleição para a presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) ganhou no primeiro turno com 267 votos, prometendo ser mais um reforço para o agronegócio.
A bancada ruralista chega fortalecida e com foco nos principais entraves do setor para o início de mais um mandato no Legislativo.
Com mais de um terço de renovação na Câmara dos Deputados, o momento é de articulação. O domingo, dia 1º, foi intenso em Brasília (DF), com a posse e eleição para as presidências do Senado e da Câmara dos Deputados. Dos 513 deputados, 289 foram reeleitos, 26 já tiveram mandato e 198 são novatos. A renovação chegar perto de 40%. O momento ainda é de articulação para formar as bancadas com interesses em comum.
A bancada ruralista pode passar de 250 parlamentares. Os parlamentares apostam no diálogo para avançar nas principais questões que travam o desenvolvimento do setor, mas prometem enfrentar o governo caso seja necessário.
– O que nós esperamos no início de uma conversa, de um trabalho, é uma interlocução sadia com o ministério – que acredito seja hoje um ministério mais fácil para a interlocução com a presidente. Estamos com uma boa expectativa. Seremos duros com o governo, porque o governo às vezes só entende essa língua – destaca o deputado federal Marcos Montes (PSD/MG).
Mesmo dentro da bancada ruralista, os temas são tão variados que cada um busca levantar uma bandeira. O deputado Zé Silva (SD/MG) quer mais investimentos para assistência técnica.
– Hoje, a Anater tem um orçamento de R$ 1,96 bilhões. Para que o governo federal cumpra seu papel, tem que dobrar este valor, pelo menos R$ 2,5 bilhões para que os Estados possam fazer concursos, aumentar salário e melhorar infraestrutura para que as pesquisas feitas pela Embrapa e outros órgãos cheguem até os produtores rurais – afirma.
Até a crise da água em São Paulo preocupa os deputados, que temem uma reação mais forte da sociedade com o uso da irrigação na agricultura.
– Se não produzirmos os alimentos necessários, não teremos alimentação para a população – lembra o deputado federal Afonso Hamm (PP/RS).
O deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) destaca prioridades como infraestrutura e emplacamento das máquinas agrícolas.
– Eu consegui, no final do ano, a prorrogação por dois anos do tema do emplacamento de máquinas e equipamentos [agrícolas]. Isso deu mais fôlego para resolvermos o problema, seja através de lei ou de negociação com o Executivo. Eu penso que a logística é uma questão fundamental; o avanço do traçado da Ferrovia Norte-Sul até o Porto do Rio Grande está pronto para ser anunciado desde outubro de 2014 e o governo ainda não anunciou – disse.
O deputado Alceu Moreira foi mais enfático e afirmou que a Bancada Ruralista vem mais forte não apenas pelo resultado das urnas, mas pela fragilidade do governo neste segundo mandato.
– As urnas produziram um grupo de parlamentares muito mais consistente, mas também é verdade que fragilizou a patrulha ideológica petista. A historia de transformar o produtor em um criminoso, isso acabou. Nós temos que evoluir nesse processo, derrotar definitivamente a ideia de que tem que transformar a propriedade rural num cartório e que qualquer cidadão com carimbo na mão pode colocar o produtor como se fosse um criminoso na produção primária; isso vamos acabar vencendo pelo diálogo – ressaltou.
Ronaldo Caiado, que trocou a Câmara pelo Senado, segue na defesa por segurança jurídica no campo. Ele cita as ameaças de ocupações indígenas e quilombolas e a falta de estrutura orçamentária para o setor.
Na eleição para a presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) ganhou no primeiro turno com 267 votos, prometendo ser mais um reforço para o agronegócio.
– Sempre defendi que o agronegócio é o setor que mais cresceu na economia, mesmo quando a economia estava em recesso. Então é preciso que se dê uma atenção a isso. Sou partidário do agronegócio, que deve ter prioridade absoluta na pauta do país – enfatiza Cunha.