Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara (CMADS), com a presença do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o deputado Celso Maldaner (MDB-SC) defendeu o manifesto da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pelo desmatamento ilegal zero.
Maldaner afirmou que o tema é um dos mais importantes da pauta conjunta entre a agropecuária e o meio ambiente e destacou que é preciso destravar a burocracia que emperra os licenciamentos ambientais, sempre preservando a natureza e o meio ambiente. “Temos que dar mais segurança jurídica para os investidores nacionais e internacionais para que voltem a acreditar no Brasil.”
O parlamentar lembrou ainda que o governo está tomando medidas concretas contra o desmatamento na Amazônia, com a participação das Forças Armadas. “A região é a mais rica e tem o pior índice desenvolvimento humano, então está na hora de desenvolver a área que tem mais de 20 milhões de pessoas que merecem a nossa atenção”.
Para o deputado Carlos Gomes (Republicanos-RS), há no Brasil o costume de polarizar e transformar em discurso político problemas sérios, como o desmatamento na Amazônia. “Temos que propor soluções com conhecimento porque é assim que iremos incentivar o desenvolvimento sustentável”, disse.
Segundo ele, é preciso ter responsabilidade e não se deixar levar por discursos vazios que não propõem soluções para os problemas importantes. “Eu tenho responsabilidade com quem produz, com o meio ambiente e penso que não precisamos difamar nosso país para depois tentar limpar a imagem para não prejudicar os nossos produtores rurais, o nosso comércio e a nossa balança comercial”.
De volta à CMADS pela terceira vez para prestar esclarecimentos sobre os números crescentes de focos de incêndios e desmatamento na Amazônia, Ricardo Salles afirmou que os dados históricos, seja de desmatamento ou de queimadas, de anos de governos anteriores são piores do que os dados de 2019 até o momento. “Nos anos do presidente Lula tivemos o triplo de queimadas do que este ano. Os números de 2004, 2005, 2010 são muito piores do que os de 2019”, afirmou, destacando que os dados são do próprio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Ao abordar a fragilização de órgãos como o Ibama e o ICMBio, o ministro creditou a culpa a governos anteriores. “Isso começou em outras gestões. E há grande dificuldade para a situação ser revertida principalmente pelos cortes orçamentários feitos. Os cortes não foram uma imposição do Ministério do Meio Ambiente. Eles atingiram todo o governo, inclusive a área ambiental”, disse.
O deputado Pedro Lupion (DEM-PR) destacou a viagem internacional do ministro à Europa e aos Estados Unidos para desfazer a imagem negativa do Brasil diante da mídia em razão dos focos de incêndio na Amazônia e da responsabilidade dos produtores rurais com o meio ambiente. “Todos os dias vem uma nova notícia, um novo ataque, mas o perfil do Salles é o de justamente não se furtar às batalhas.”
Lupion falou ainda sobre o trabalho conjunto da FPA com a Comissão de Meio Ambiente. “Estamos trabalhando, inclusive, com o presidente Rodrigo Agostinho (PSB-SP), representando a CMADS, em um texto para que haja uma punição exemplar e mais forte a quem realiza o desmatamento ilegal. Precisamos produzir cada vez mais, sem ter que aumentar um centímetro de área agriculturável aqui no Brasil.”[
Para o deputado Zé Vitor (PL-MG) é preciso preservar a imagem do produtor que desmatou de forma legal e está injustamente sendo criminalizado. “Nós temos um projeto que é exatamente para colocar fim ao desmatamento ilegal. Nesse momento vale toda mobilização, todo envolvimento, todo apoio do governo nessa causa para finalizarmos o relatório e construir uma boa política ambiental.”