Reduzir custo de produção do Brasil e atrair iniciativa privada estão no planejamento que prevê 16 mil quilômetros de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos
“Os investidores estrangeiros vão entrar no Brasil e daremos um salto em infraestrutura”. A afirmação foi feita pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, um dos convidados especiais da reunião entre deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) desta terça-feira (9). Recém-empossado na Secretaria Especial de Governo, o ministro Luiz Eduardo Ramos também participou do encontro.
Freitas fez uma apresentação sobre as ações de infraestrutura nos seis meses de governo e destacou que o Brasil tem um plano para os modais consistente e factível. “Ele contempla rodovias, portos, aeroportos, ferrovias. Vai trazer um grande impacto para o setor produtivo porque é choque de oferta em termos de transporte e eliminação de gargalos, e isso vai ter reflexos, inclusive, em termos de frete”, afirmou.
Ele explicou que o programa de sua Pasta prevê a concessão de 16 mil quilômetros de rodovias, além de portos, aeroportos e ferrovias, e é preciso atrair o capital privado. Para ele, o investidor estrangeiro está percebendo que o governo brasileiro está apontando os riscos e apresentando projetos estruturados.
Para o ministro da Infraestrutura, é importante a parceria com os parlamentares da FPA na formulação de leis que irão fornecer segurança jurídica para o setor agropecuário no que diz respeito a fortalecimento de arbitragem, marcos regulatórios e licenciamento ambiental. Nesse sentido, ele pediu apoio para que o PLS 261/2018 seja aprovado. “Ele irá causar uma verdadeira revolução no transporte ferroviário brasileiro”.
O presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), elogiou a qualificação política e técnica do ministro, que “conhece o mapa rodoviário do Brasil, centímetro a centímetro”. Ele destacou que o Brasil precisa urgentemente definir um planejamento decenal para infraestrutura e logística. “Não podemos continuar com o mesmo rito de obras que começam e param. Precisamos transformar isso em lei e gravar nos orçamentos seguintes dos próximos nove anos os valores comprometidos para termos segurança de que as obras continuarão”.
Para o vice-presidente da FPA, Sérgio Souza (MDB-PR), o Brasil vai na contramão de outras nações em desenvolvimento em que as grandes cargas são transportadas no modal ferroviário ou hidroviário. “Aqui o mais utilizado é o rodoviário. Na década de 30 tínhamos três vezes mais ferrovias em operação do que temos hoje. Reestruturar essa malha ferroviária e otimizar os modais é o nosso grande desafio hoje”.
O encarecimento do custo de produção em razão do transporte também foi mencionado por ele. “Uma saca de soja no Centro-Oeste vale R$ 10,00 a menos do que no porto de Paranaguá ou de Santos. Ou seja, para se produzir é mais caro, porque tem que levar o fertilizante até o interior do país, mas depois que você produz é mais barato para se vender porque é longe para transportar”, explicou.
O deputado Evair de Melo (PP-ES), 2º vice-presidente da FPA, afirmou que o sistema de gestão das rodovias hoje é arcaico e a modelagem apresentada pelo ministro Tarcísio, por meio das concessões, irá melhorar a situação. “O Brasil nunca teve na sua história uma plataforma de investimentos em termos de ferrovias tão robusta”.
De acordo com ele, não se consegue colocar no fator de venda do produto o custo com a logística e o transporte. “Investir nos modais vai permitir que o Brasil aumente sua competitividade. Somos muito competentes na produção, e com a logística vamos reduzir até os prazos de entrega”.
Nova articulação – “Esperamos que a partir do seu Ministério se possa ter uma relação republicana de construção de solução para a sociedade brasileira. Porque temos uma cultura de modo geral de ser especialista em fazer audiência, quase sempre para marcar a próxima”, disse o presidente da FPA, deputado Alceu Moreira ao novo ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos.
Para ele, é preciso que governo e Parlamento tenham capacidade e compromisso de entrega. “Nossa relação com a Secretaria de Governo não será para pedir favores de natureza particular, mas para tratar de temas importantes para o nosso país”, destacou.
O ministro Ramos agradeceu o convite da FPA e afirmou que só aceitou o desafio, que lhe custou a farda, porque acredita que pode ajudar o Brasil. “Estarei à disposição de todos vocês, de portas abertas. Sempre que me apresentarem uma demanda socialmente favorável, vamos atender, com dinamismo e rapidez”, afirmou.
A deputada Aline Sleutjes (PSL-PR) ressaltou que isso será importante porque os parlamentares precisam ser ouvidos. “Às vezes uma conversa de 10 minutos pode resolver um problema do estado, até mesmo do Brasil”, disse.