Dilceu Sperafico*
A era digital que está revolucionando os setores produtivos e as relações humanas, também irá impor mudanças radicais na agropecuária mundial.
Assim como já está robotizando o processo industrial, a transformação digital igualmente vai trazer avanços impressionantes ao setor agropecuário, contribuindo para atualizar e melhorar o trabalho no campo.
Com isso, irá viabilizar a superação de desafios enormes, como o aumento da produção e a redução de desperdício de alimentos, desde a colheita até a comercialização final, passando pelo armazenamento, transporte, beneficiando e industrialização.
Quem conhece a realidade do campo sabe das dificuldades enfrentadas pelos agricultores nas tarefas de cultivar e preservar o solo, produzir com qualidade, sanidade, diversidade e sustentabilidade e entregar seus produtos de forma eficiente e rapidamente à indústria, comércio e à população local, regional, nacional e mundial.
Conforme especialistas, na atualidade cerca de 50% dos produtos agrícolas nunca chegam aos consumidores finais, por conta do desperdício e dos preços inacessíveis para as pessoas de baixa renda.
Para resolver o impasse, pesquisadores afirmam que a combinação de recursos da tecnologia de inteligência, irá proporcionar grande potencial em planificação, supervisão e desenvolvimento de soluções, que garantirão maior eficiência aos produtores rurais, permitindo que os alimentos e matérias-primas cheguem mais rapidamente aos seus destinos finais.
Conforme especialistas, hoje já há meios tecnológicos para otimizar o tempo e o trabalho do agricultor, com soluções para monitorar as atividades do maquinário, o comportamento das criações e a vigilância das lavouras ou plantações.
Nesse caminho, a transformação digital também poderá alcançar outras tarefas, como a pesca, proporcionando soluções inteligentes para o controle da pecuária, inclusive com alerta de morte de animais.
Para isso, a gestão de dados será fundamental, porque a transformação digital exige que todos os detectores, como sensores de campo e drones, além de tratores, pulverizadores e colheitadeiras, estejam sempre conectados, realizando a análise da informação como uma das tarefas da agroindústria.
Hoje, segundo os pesquisadores, já se pode medir remotamente as condições de solo para determinar com exatidão o momento de irrigar as plantas e assegurar que recebam a quantidade correta de água para a produção de alimentos e derivados de qualidade. Essa operação já ocorre sem intervenção humana e é fruto da análise de dados automatizada por softwares e sua integração com a robótica e dispositivos conectados.
Isso demonstra que a transformação tecnológica permitirá incrementar o rendimento da agricultura, melhorar os métodos de fertilização do solo e o rendimento do maquinário e proteger as lavouras e a qualidade da terra.
Para utilizar esses recursos, no entanto, será necessário melhorar muito a infraestrutura de banda larga fixa, pois ela é deficiente em muitas comunidades rurais, tendo como alternativa a banda larga móvel no futuro da agricultura. No mundo cada vez mais digital, avançar na utilização de tecnologias será vantagem competitiva para o setor.
Sobre o tema, não custa lembrar alerta da Organização das Nações Unidas (ONU), de que até 2050 a produção de alimentos terá de aumentar 70% para sustentar a população crescente, num mercado mundial que desperdiça 300 milhões de toneladas de comida por ano.
*O autor é deputado federal pelo Paraná