Dilceu Sperafico*
Entre os grandes desafios da agropecuária do planeta e, por razões óbvias, do agronegócio brasileiro, está o atendimento da demanda de alimentos com qualidade e diversidade suficientes para satisfazer preferências locais e a preços acessíveis a todos os consumidores, ao longo das próximas décadas.
A exigência é o reflexo direto e proporcional ao aumento da população planetária, que deve atingir cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050.
Para cumprir sua parte na maior oferta de grãos, proteínas animais, frutas, legumes e derivados, de acordo com a expansão do mercado mundial, a previsão é que o Brasil eleve a produção agropecuária em 40% até 2019 e de alimentos em 80% até 2050, segundo recente levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
A parcela de responsabilidade brasileira neste esforço mundial se justifica pelo seu potencial produtivo sem similar no planeta, considerando a extensão territorial, fertilidade do solo, abundância hídrica, generosidade do clima, domínio de tecnologia e tradição e vocação de seus produtores rurais.
Além disso, o País se destaca pela preservação de recursos naturais, biodiversidade de flora e fauna e outras diversas vantagens, inclusive para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Graças à essas possibilidades, o Brasil se tornou um dos maiores produtores mundiais de alimentos, com potencial para expandir sua área produtiva em 70 milhões de hectares, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sem devastação de florestas ou qualquer outro prejuízo ao meio ambiente.
Impulsionada pelo aumento da demanda de alimentos da população mundial crescente, desde meados do século XIX, durante a revolução industrial, vem crescendo a necessidade de produzir mais e melhor a curto prazo e influenciando e motivando a evolução tecnológica na agropecuária.
No decorrer das últimas décadas, os investimentos em pesquisas e na geração de novos recursos tecnológicos, tornaram-se essenciais para elevar a produtividade e a produção de alimentos e matérias primas para a agroindústria.
Com isso, a ascensão significativa da tecnologia no agronegócio foi apressada a partir de 1970, segundo levantamentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável pelo setor no País.
Conforme especialistas, apesar desses avanços e das vantagens competitivas do território brasileiro para o agronegócio, é preciso manter o manejo adequado de terras utilizadas nas atividades agrícolas e evitar a devastação de matas nativas e a degradação do solo cultivado, mesmo sendo necessária a busca de novas soluções estratégicas que impeçam impactos negativos ao meio ambiente.
Conforme previsão da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), nos próximos cinco anos, o Brasil deverá se tornar o maior produtor de carne bovina do mundo, superando o atual líder do mercado, os Estados Unidos.
Na atualidade, conforme estimativas da entidade, o agronegócio brasileiro é responsável por 17% da produção mundial de carne bovina, enquanto o norte-americano responde por 19%.
Diante destas perspectivas, o agronegócio brasileiro vem buscando novas tecnologias, como forma de somar esforços e viabilizar a produção capaz de atender e superar a demanda do mercado mundial de proteína animal, tendo entre as opções adotadas a pecuária de precisão.
*O autor é deputado federal pelo Paraná