Principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile foi ouvido na CPI das Invasões de Terra, nesta terça-feira (15), para prestar depoimento sobre as recentes invasões realizadas pelo MST. Os requerimentos de convocação de Stédile foram solicitados pelos deputados Kim Kataguiri (União-SP), Coronel Assis (União-MT) e Rodolfo Nogueira (PL-MS).
Stédile defendeu o MST e a reforma agrária e foi indagado pelo relator Ricardo Salles (PL-SP) sobre denúncias de corrupção em assentamentos relatadas por assentados à CPI. O líder do movimento afirmou desconhecer tais casos e, portanto, não pode confirmar sua veracidade.
Em seguida, Stédile foi questionado pelo primeiro vice-presidente da CPI, Kim Kataguiri (União-SP), em relação aos depoimentos e provas que o colegiado teve acesso em relação aos casos do MST no Distrito Federal, no Goiás e na Bahia, e também em relação à invasão de fazendas produtivas invadidas pelo MST.
Stédile afirmou que o MST não pode concordar com nenhuma prática de violência. “Se isso que estão descrevendo for verdade, eu lamento. Onde há crimes, nós temos uma legislação e o judiciário tem que julgar”, afirmou.
Kim, indagou sobre Stédile não ter se importado com as provas apresentadas na CPI sobre as práticas violentas do movimento, denúncias de extorsão, de ameaça e de trabalho análogo à escravidão.
Stédile avaliou que foi um erro a invasão às terras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco. No entanto, disse que cada acampamento do MST tem autonomia para decidir como agir.
“Quem vai lá dizer para as famílias acampadas: ‘Espere, espere, espere que o governo Lula vai resolver’? Cada acampamento tem autonomia do que faz”, declarou.
O líder do MST concordou que existem erros dos movimentos nas invasões. “Às vezes, eles exageram e erram, mas eles têm o direito de decidir. Nenhuma instância nacional decidiu que eles deviam ir”, concluiu.
Durante a tomada de depoimento, o autor do requerimento e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Rodolfo Nogueira (PL-MS), ressaltou que a CPI estava recebendo o líder de uma das maiores organizações criminosas do Brasil, que propaga terror no campo.
“Grupo que, inclusive, teve inúmeros relatos nessa CPI de crimes cometidos contra seus membros, dentre eles extorsão, trabalho análogo à escravidão, ameaça, lesão corporal, sequestro, cárcere privado. E o mais repugnante é ver o presidente da República levar esse cidadão à China em meio a abril vermelho, época a qual é instaurado um caos generalizado no campo e no país”, destacou o parlamentar.
A próxima reunião extraordinária está marcada para o dia 16 de agosto, às 14h no Plenário 2.