Deputado Pedro Lupion (DEM-PR), membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), demonstrou preocupação com o momento que os biocombustíveis atravessam no país, durante reunião ocorrida, na quarta-feira (17), entre os membros da bancada. O deputado é presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBIO).
Pedro Lupion explicou que eventos recentes, como a redução do percentual de 13% para 10% do biodiesel no diesel comercial, vendido nos postos de gasolina, e a decisão do governo federal de encerrar o modelo de leilões para compra do combustível, têm gerado apreensão entre os principais agentes do setor.
“Esse é o momento mais difícil da história do biodiesel no Brasil. Estamos falando do risco do fim de um setor tão importante para o país. Não estou sendo fatalista ou dramático”, alertou o deputado, que justificou a frase com as dificuldades que os produtores atravessam no país.
“A redução do B13 para o B10, o fim dos leilões, o dólar extremamente sobretaxado além das dificuldades pelo valor de combustíveis fósseis, matérias-primas com preço elevado. E justamente neste momento, a agricultura familiar, que é responsável pela produção de praticamente 80% do biodiesel do país, é quem mais sofre, com o cenário inseguro no setor”.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), destaca que não há motivo plausível para a redução da mistura de biodiesel para 10%, e muito menos, a possível diminuição para 6%. “É de extrema insensatez sequer cogitar essa possibilidade”, pontuou.
Para Sérgio Souza, o álcool e o biodiesel integram a matriz energética brasileira com grande destaque e exemplo para o mundo. “São recicláveis e ambientalmente corretos, logo, favorecem a questão ambiental, podendo substituir parcialmente os combustíveis de origem fósseis”, lembrou o parlamentar
Para o deputado federal e coordenador de Infraestrutura e Logística da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), os biocombustíveis já são uma realidade no Brasil e, segundo o parlamentar, é um dos países que têm a produção de biodiesel mais satisfatória do mundo. “Fomos à COP e mostramos nossa força nesse sentido, mas há uma ameaça diante disso. O Governo Federal quer diminuir a mistura do biodiesel, com o argumento que isso poderia aliviar preço, mas não fecha a conta”, explicou.
“Nós estamos demonstrando que a mistura não encarece e que o problema é de outra natureza, seja com o biodiesel ou com o etanol. Vamos até as autoridades reforçar a posição da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que tem sido defensora constante dos biocombustíveis”, enfatizou Arnaldo.
Na opinião do deputado Zé Vitor (PL-MG), o Brasil precisa estar alinhado com o que há de mais tecnológico para o bem do setor produtivo e para a garantia da sustentabilidade. “O que nós fazemos bem no campo pode muito bem ser levado para as grandes metrópoles. Ser sustentável e responsável é uma característica marcante do nosso país, e os biocombustíveis fazem parte desse importante avanço”, ressaltou.
Apelo
Durante a reunião, Pedro Lupion pediu um esforço de parlamentares dos principais estados produtores do país, como o Paraná, Minas Gerais e Goiás. Ele explicou a importância da produção de biodiesel, produzido principalmente por esmagamento de soja e sebo bovino.
“A cadeia de produção está interligada com nossa agropecuária. Precisamos cada vez mais de esmagamento de soja, para termos mais farelo, para produzirmos mais alimento para o rebanho e gerar proteína animal. Ou seja, a gente precisa dessa cadeia funcionando e o biodiesel faz parte disso”.
O deputado questionou, ainda, por que um setor significativo para a economia nacional, como o biodiesel, inclusive com um selo social do setor, precisa “pagar a conta pelo aumento do custo do combustível fóssil.” E lembrou que o Brasil acaba de assumir compromissos a favor do meio ambiente na conferência mundial COP26.
O mundo inteiro está caminhando para a diminuição do uso de combustíveis fósseis. Nós, infelizmente, estamos fazendo exatamente o contrário”, finalizou.