A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado Federal realizou, nesta terça-feira (05), audiência pública requerida pelo membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), senador Wellington Fagundes (PL-MT). Na pauta, a inserção de biodiesel no diesel e as consequências da mistura para a população.
Além de substituir uma parcela do diesel fóssil que é importado, a produção de biodiesel garante o aquecimento da economia brasileira, ao incentivar o processamento interno principalmente da soja, mas também de sebo bovino, girassol, entre outros.
No entendimento do senador Wellington Fagundes, a meta é encontrar uma forma de tornar estável o custo do combustível, que é o principal responsável pela logística dos transportes. “Requisitei um debate sobre o assunto, pois ele pertence a todos nós. O setor de transporte vem sendo penalizado com as múltiplas variações de preço e o cidadão acaba pagando por tudo isso”, destacou.
Para o membro da FPA, a discussão se torna ainda mais necessária quando a Casa está prestes a votar o Marco Legal das Ferrovias. “É uma oportunidade que temos de modernizar o país com o PL 261/18, e assim podemos agir aqui também, buscando um consenso para o bem da população”, reforçou.
Na opinião de André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o biodiesel é um patrimônio nacional, e apesar disso, possui diálogo restrito com as entidades. “As reuniões com os produtores de biodiesel são quase inexistentes e os ataques são constantes e injustos. Minar a cadeia do biodiesel vai impedir o crescimento do país”, disse.
Nassar lembra que a decisão sobre o teor do biodiesel é do Governo Federal, uma vez que cabe a ele implementar a política de substituição de combustíveis fósseis por renováveis. “Podemos discutir a qualidade do nosso biodiesel, mas não posso aceitar que queiram diminuir a porcentagem do biodiesel sem mesmo apresentarem testes conclusivos”, desabafou.
Para Julio Cesar Minelli, superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), as entidades que criticam o aumento de mistura culpam o biodiesel por qualquer resultado negativo sem avaliar outros componentes inseridos na mistura. “Não existem testes laboratoriais que provem que o biodiesel seja o culpado desses problemas. São inverdades contadas repetidas vezes”, disse.
No entendimento de Minelli todos os biocombustíveis regulados correspondem a produtos 100% puros, produzidos em instalações dedicadas, com processos e matérias-primas definidas. “O mercado do biodiesel já está bem claro, definidos pelos técnicos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A decisão sobre a mistura tem consequências diretas numa extensa cadeia de produção que gera emprego para a população e receita para o estado, desenvolve a economia nacional com investimento e apoia o pequeno produtor”, encerrou.
Para Donizete Tokarski, diretor da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), o biodiesel é o principal biocombustível usado globalmente no ciclo diesel. Segundo Tokarski, em nenhuma outra área da indústria química foram depositadas tantas patentes e artigos científicos como foi publicado sobre o biodiesel no Brasil. “Sabemos que a utilização do biodiesel é positiva para a saúde. Não é apenas um combustível, é o símbolo de sustentabilidade e desenvolvimento social que o Brasil necessita. Por isso, estaremos prontos para os próximos debates e reforçaremos a necessidade do biodiesel”, garantiu.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, relembra a importância da utilização do biocombustível dentro da cadeia produtiva do Brasil. “Nós precisamos e dependemos do uso de biocombustíveis. Os produtores de soja são consumidores, sem contar o transporte da produção primária que também se utiliza dele”, finalizou