A maioria dos consumidores sabe bem a importância do leite no Brasil. Dos 5.570 municípios brasileiros, 5.504 são produtores do alimento, o que representa quase 99% deles. Além disso, cerca de 1,3 milhão de produtores rurais estão envolvidos diretamente na atividade que movimenta mais de R$ 70 bilhões ao ano, conforme o Censo Agropecuário do IBGE. Diante da importância econômica e social da cadeia leiteira, foi criada a Subcomissão Permamente do Leite na Câmara dos Deputados que, nesta terça-feira, 24, apresentou relatório, de autoria do deputado Celso Maldaner (MDB-SC), com os gargalos e soluções para tornar o setor mais competitivo no Brasil.
Para o deputado, que é membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), é preciso promover ações de fomento para atingir os objetivos de maneira estratégica. “Nós estamos colocando no orçamento recursos próprios para o produtor de leite, para que a gente possa realmente dar assistência técnica, além de exigirmos uma linha de crédito do BNDES para financiar energia trifásica. É fundamental dar autonomia para esse setor tão importante do nosso país”, disse Maldaner.
O apoio governamental, principalmente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), diz o relatório, é essencial para se ampliar a produtividade do setor que hoje não chega a 50% da média mundial. Apesar de ser o quarto maior produtor mundial de leite, a produtividade no Brasil é de 1,6 mil litros por vaca por ano contra 3,5 mil litros de países como Nova Zelândia e Estados Unidos. O documento sugere ainda, para o desenvolvimento do setor, ampliação do acesso à assistência técnica, melhoramento genético e alimentação mais adequada dos rebanhos.
O parlamentar catarinense esclareceu ainda sobre as Instruções Normativas 76 e 77 de 2018 do Mapa. As novas regras sobre produção e industrialização do setor lácteo entraram em vigor em maio deste ano e têm preocupado os deputados e também representantes da cadeia produtiva do leite. Segundo Maldaner, os produtores estão receosos de não se adaptarem às exigências. “O governo tem que dar condições, é fundamental que dê competitividade para que o agricultor possa implantar essas normas e que a gente tenha qualidade para poder exportar leite para outros países”, finalizou.
O deputado Lucio Mosquini (MDB-RO) reforçou a necessidade do apoio governamental para que os produtores consigam aumentar a qualidade do alimento e cumprir as regras do Ministério da Agricultura. ” O que nós queremos é firmar uma espécie de acordo entre o Ministério (Agricultura) e os produtores, para que nós possamos, ao longo desse período, fazer as adequações necessárias”.
Mosquini reconheceu que a cadeia produtiva do leite precisa de melhorias por ser um setor ainda muito carente. “Tanto de assistência técnica quanto do manejo como um todo, temos uma produção primária”. Ele destacou a importância da criação de um programa nacional para a melhoria da qualidade do leite produzido no país.
Presidente da subcomissão, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), também cobrou a criação de uma política pública para o setor. “Um documento será entregue à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em prol de uma política nacional em defesa da agropecuária leiteira, que incentive, apoie, para uma melhoria nos aspectos sanitários, no manejo, na genética, para assegurar ao produtor de leite uma remuneração justa. Ou seja, precisamos fazer investimentos concretos na cadeia produtiva do leite, dar apoio ao nosso produtor”, destacou.
A deputada Aline Sleutjes (PSL-PR) reforçou a necessidade de se reunir com a ministra Tereza Cristina. “Vamos sentar com a ministra, discutir essas instruções normativas e tentar entrar num consenso, num equilíbrio, para que realmente favoreça todos os produtores do leite. Sabemos da urgência de termos um leite de maior qualidade, sem deixar de ser competitivo”, concluiu.