Evair Vieira de Melo é deputado federal e vice-presidente das Frentes Parlamentares da Agropecuária e do Café
O café é o principal produto agrícola do Espírito Santo. De acordo com o Incaper, a cafeicultura gera cerca de 400 mil empregos em todo o território capixaba, com exceção da capital, e temos, aproximadamente, 131 mil famílias produtoras no estado. Neste momento, estamos enfrentando um grande desafio: fazer com que este grão, seja ou de arábica ou de conilon, continue gerando empregos, renda e desenvolvimento não apenas no ES, mas em todo o país.
Depois de enfrentarmos batalhas contra a importação, fazemos um esforço hercúleo para reverter os baixos preços mínimos do café, anunciados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O valor do Conilon a R$ 210,13 e arábica a R$ 362,53 a saca, preços fixados para abril de 2019 a março de 2020, não cobrem os custos dos nossos produtores.
De acordo com o Centro do Desenvolvimento do Agronegócio do Espírito Santo (Cedagro), o custo total da saca de café conilon pode chegar até R$ 313,00, valor 49% maior que o preço mínimo estabelecido. Já o custo do arábica para o produtor pode chegar até R$ 553,00 a saca, 53% a mais que o valor mínimo da Conab.
São números oficiais vergonhosos, muito aquém da realidade. Combustíveis, energia, transporte e mão de obra subiram em torno de 20%, contribuindo ainda mais para o prejuízo. Com estes preços, ocorre uma distorção causando baixa no mercado. O Espírito Santo é referência em produção das duas espécies de café e é o estado onde a cafeicultura é a mais importante atividade agrícola, em termos proporcionais, para a geração de emprego e renda. Portanto, somos também a região mais castigada pelos efeitos dos preços baixos.
Desde que assumiu a pasta da Agricultura, a ministra Tereza Cristina, que veio ao Espírito Santo para a cerimônia de início da Colheita do Café, estabeleceu como prioridade a recuperação da cafeicultura nacional. Tê-la nesse evento é a certeza de que contamos com uma importante aliada nesta batalha pelo resgate da autoestima dos nossos produtores.
Só podemos expor o produtor brasileiro a uma competição internacional, quando tivermos infraestrutura adequada, reforma e simplificação tributária, segurança, energia e telefonia disponíveis, e outros fatores que nos permita competir. É inadmissível que a cafeicultura nacional, que movimentou US$ 5,2 bilhões em 2017, seja tão pouco valorizada. Continuaremos cobrando políticas públicas mais consistentes para os cafeicultores. Eles dependem de um cenário favorável para cumprir seu papel e avançarem em safras de qualidade.