*Dilceu Sperafico
A agronomia digital, que une o conhecimento da ciência tradicional às informações amplas obtidas no campo em tempo real, além de dados sobre safras anteriores, está entre as novas e atraentes carreiras profissionais do agronegócio.
Como permite decidir o melhor momento para plantar, gastando menos e colhendo mais, a agronomia digital já oferece salário inicial até 25% superior ao do agrônomo tradicional, pois há grande demanda por profissionais qualificados nessa área.
A novidade está em lavamento do Centro de Estudos do Agronegócio, da Fundação Getúlio Vargas, que constatou que nos últimos cinco anos a agropecuária passou a absorver menos mão-de-obra informal e aumentar a contratação de profissionais especializados.
A mudança, segundo os pesquisadores, se deveu a cada vez maior incorporação de novas tecnologias no campo, que mesmo exigindo mais investimentos, ampliaram a produtividade no cultivo da terra e criação de animais.
Com isso, houve aumento da remuneração de trabalhadores em ritmo mais intenso do que na economia em geral. Na prática, o campo passou a admitir profissionais mais qualificados, pagando mais por essa exigência.
O levantamento foi baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelando que entre 2012 e 2017, a população regularmente contratada no agronegócio caiu 1,9% ao ano.
Em 2012 eram 19,7 milhões os empregados no campo e no fim do ano passado, o contingente caiou para 18 milhões de trabalhadores. A queda mais acentuada, obviamente, envolveu o trabalho informal, com redução de 3,4% ao ano.
Na agricultura brasileira, a retração na ocupação foi de 5% ao ano nas contratações informais e de 4,9% nas formais. O fato do agronegócio ter absorvido menos mão-de-obra informal ou com menos qualificação, segundo especialistas, não deve ser encarado como má notícia, pois isso não é verdade.
O que ocorre é que com o uso intensivo de tecnologia, a produtividade e a renda dos trabalhadores do campo aumentaram. Entre 2012 e 2017, o rendimento médio real, descontada a inflação, do trabalho no agronegócio aumentou 7%, enquanto o avanço salarial dos trabalhadores dos demais setores da economia ficou em 4,6%.
Na agropecuária, o avanço acumulado em cinco anos foi de 9,2% e na agricultura, de 8,3%. O melhor de tudo, segundo os especialistas é que a redução da contratação de mão-de-obra no campo não elevou o número de desempregados.
Com mais produtividade, o agronegócio ampliou a renda dos produtores, de seus empregados e da população das cidades do interior, onde os dispensados do campo foram trabalhar no setor de serviços.
Prova disso, segundo os pesquisadores, foi o desempenho da economia do interior que, de acordo com o IBGE, foi melhor do que o das regiões metropolitanas de todo o País. Entre 2000 e 2015, o Produto Interno Bruto (PIB), das pequenas cidades cresceu 3,7% ao ano, enquanto o dos maiores centros urbanos avançou apenas 2,5% e o do País subiu 3%.
A própria Confederação Nacional da Agricultura (CNA), confirmou a tendência apontada pela FGV, ressaltando com dados próprios que a parcela de trabalhadores no campo que recebia até um salário e era 33,6% dos ocupados em 2014, recuou para 29,8% em 2016. No mesmo período, os que tinham até dois anos de estudos diminuíram de 34,4% para 32,3% entre os empregados do agronegócio.
*O autor é deputado federal pelo Paraná licenciado e chefe da Casa Civil do Governo do Estado