Dilceu Sperafico*
Para o bem do agronegócio e da economia brasileira, as indústrias tecnológicas foram as que mais cresceram no País no primeiro semestre deste ano, incluindo fábricas de máquinas e implementos agrícolas, ao lado de fabricantes de telefones celulares, televisores e automóveis.
Conforme levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), as indústrias que usam mais tecnologia em suas linhas de montagem, como fabricantes de eletroeletrônicos, automóveis e máquinas, lideraram a reação positiva do setor de transformação do País no ano de 2017, pois foram os setores que expandiram sua produção acima da média no período.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, no primeiro semestre, a produção de equipamentos de televisão e comunicação cresceu 24,3% no País, enquanto a de veículos automotores aumentou 11,7%, a de equipamentos de informática subiu 6% e a de máquinas e equipamentos mecânicos apresentaram expansão de 2,4%.
De acordo com a entidade, o crescimento da produção da indústria eletroeletrônica de 3,1% no semestre foi motivado pela elevação da oferta de 18,5% na área eletrônica, contra recuo de 7,1% na indústria elétrica.
O crescimento da produção de telefones celulares, computadores, televisores, automóveis e máquinas para o setor agropecuário, atendeu a expansão da demanda dos equipamentos, impulsionada pela liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) inativo, aumento das exportações e nova supersafra de grãos.
Essas indústrias, segundo o estudo do Iedi, estão divididas em quatro categorias de intensidade tecnológica, que são alta, média-alta, média-baixa e baixa.
No primeiro semestre, as duas primeiras categorias cresceram acima da produção industrial geral, que avançou 0,5% na comparação com 2016, na primeira expansão do setor após seis semestres de queda.
De acordo com o levantamento, no mesmo período, a produção da indústria de alta intensidade tecnológica avançou 1,4%, enquanto a de média-alta cresceu 2,7%.
Já as indústrias de média-baixa e baixa intensidade ficaram com desempenho abaixo das demais, com quedas de 3,1% e 0,2% na produção, respectivamente.
O maior crescimento ocorreu entre fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos para automação, que registraram elevação considerável no lucro líquido no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016. Conforme dados do Iedi, o crescimento na produção das indústrias mais tecnológicas também foi auxiliado pela comparação com desempenho negativo do setor no início de 2016.
Além disso, a safra de grãos recorde alcançada neste ano estimulou a demanda no campo por bens de capital e o setor externo absorveu a fabricação de automóveis, enquanto a liberação de contas inativas do FGTS impulsionou as vendas de eletrodomésticos da linha marrom, como televisores.
Nem todos esses fatores positivos manterão a força por muito tempo, mas a queda dos juros pode ajudar na manutenção da demanda, somada a outros eventos, como a melhora no quadro de crédito, o aumento da renda dos trabalhadores e a redução da inflação que libera a renda das famílias para consumo de itens não considerados essenciais, como é o caso da alimentação.
São todos acontecimentos positivos, mas merece destaque especial o fato do agronegócio brasileiro já estar influenciando positivamente até mesmo a indústria mais tecnológica.
*O autor é deputado federal pelo Paraná