Fonte: Valor Econômico
Favorecido por produtos agrícolas mais baratos no atacado, o Índice Geral de Preços -10 (IGP-10) encerrou 2017 com menor taxa em oito anos: deflação de 0,42%. O resultado foi o menor desde 2009 (-1,68%) e a segunda taxa negativa da história do indicador, criado em 1993, disse o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas, Salomão Quadros. Em 2016, o IGP-10 foi de 6,95%. Em dezembro, o IGP-10 foi de 0,9%, ante 0,24% em novembro.
A maior oferta de produtos agropecuários ajudou a reduzir preços. “Ano passado foi o ano da inflação dos alimentos. Este ano tivemos supersafra de grãos e por isso houve deflação”, resumiu Quadros. Para ele, os preços dos alimentos podem voltar a subir no começo do ano devido a fatores climáticos sazonais, mas “sem grandes atropelos”.
A alta de dezembro foi concentrada em minério de ferro, que subiu no atacado. A variação de preço desse item, que representa quase 5% da inflação atacadista, passou de queda de 11,71% para aumento 2,96% entre novembro e dezembro.
Isso levou à disparada no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu de 0,21% para 1,22% no período. “O IPA acelerou 1,01 ponto percentual; o minério foi responsável por 0,78 ponto percentual desta aceleração, quase 80%, um impacto considerável”, afirmou Quadros. O IPA representa 60% dos Índices Gerais de Preços (IGPs).
No entanto, o quadro mensal do IGP-10, “prévia” da evolução dos IGPs, não representa o desenrolar da trajetória anual do índice, que foi de desaceleração, influenciada principalmente pelo setor agrícola. Em 2017, os agropecuários atacadistas encerraram com deflação de 13,63%, contra alta de 13,18% em 2016.
Os alimentos in natura, cujos preços foram muitas vezes responsáveis por choques na inflação dos alimentos, tiveram queda de 17,26% em 2017. No ano passado subiram 14,79%. Isto levou o atacado como um todo à taxa negativa de 2,40% em 2017, contra alta de 7,30% em 2016.
Os alimentos compensaram a alta nos preços dos combustíveis, devido à aceleração do preço do petróleo no exterior no segundo semestre. Isto fez com que os combustíveis para produção finalizassem 2017 com inflação de 16,57%, após queda de 10,36% em 2016. Houve aceleração da variação anual do óleo diesel (de -11,44% em 2016 para 14,98% em 2017); óleos combustíveis (de -7,79% para 46,10%); gasolina (de -4,93% para 7,98%) e GLP (de 2,82% para 46,10%).
No varejo, também foi significativa a influência de agropecuários mais baratos. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) caiu de 6,44% em 2016 para 3,24%. Entre as sete classes de despesa do IPC, a única a encerrar em deflação anual foi a de alimentos, com recuo de 0,57% este ano, contra inflação de 8,34% em 2016. Entre novembro e dezembro, o IPC passou de 0,32% para 0,29%.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) repetiu em dezembro a taxa de 0,30% de novembro e subiu 4,1% no ano (5,84% em 2016″.