Em reunião com membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace), Rafael Jorge Corsino, trouxe aos deputados e entidades presentes a preocupação do setor produtivo quanto à importação da cebola para o Brasil.
Segundo Corsino, o preço da cebola importada, principalmente vinda da Holanda, está muito mais baixo do que a cebola nacional, o que ocasiona uma concorrência desleal. O presidente da Anace reivindicou que o produto importado seja incluído na Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum (Letec) para que o custo de produção se iguale com o do Brasil. “A Holanda, responsável por 15% do mercado mundial em produção de cebola, é um país que não paga imposto e que o governo subsidia a agricultura. Não tem como competir porque 85% da produção da cebola no País vem de pequenos produtores das regiões Sul e Nordeste. Temos que nos atentar a essa questão antes que o problema cause insustentabilidade do setor”.
Os parlamentares dos estados que detém a maior produção de cebola no País, como os deputados federais Luis Carlos Heinze (PP/RS), Valdir Colatto (PMDB/SC), Sérgio Souza (PMDB/PR), Peninha (PMDB/SC) e Celso Maldaner (PMDB/SC), sinalizaram que já estão a tomar medidas cabíveis para contornar mais prejuízos ao produtor rural brasileiro. O deputado Guilherme Coelho (PSDB/PE), membro da FPA, é contrário à importação de cebola ao Brasil. “Temos aqui um produto de extrema qualidade. Os produtores de cebola geram renda e emprego ao País e precisam ter seu espaço garantido no mercado”, destacou Coelho.
O secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, presente à reunião, assegurou que vai encaminhar, por meio de uma nota técnica, a demanda da FPA e das entidades do setor ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “Nós entendemos ser um pleito perfeitamente factível e faremos o possível para incluir tributos na hora de importar a cebola para o Brasil, bem como outros produtos, no intuito de resguardar o setor produtivo brasileiro”, ressaltou o secretário.
Retomada da importação do leite uruguaio – O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, anunciou, nessa terça-feira (7), que a importação do leite em pó uruguaio ao Brasil foi retomada, após ter sido suspensa por suspeitas da procedência do produto. Segundo o ministro, em visita técnica feita pelo Ministério ao país vizinho foi constatado que o leite em pó uruguaio não oferece risco sanitário.
A decisão preocupou produtores rurais, principalmente da região Sul, quanto aos prejuízos que as importações do produto já vinham causando ao setor. Parlamentares da FPA se reuniram, na noite de terça-feira (7), com o ministro Blairo Maggi no intuito de achar uma solução que atenda o setor produtivo.
Segundo o presidente da FPA, deputado federal Nilson Leitão (PSDB/MT), o governo precisa proteger o produtor brasileiro e dificultar a entrada de produto estrangeiro no País. “Essa é uma luta da FPA. O Brasil tem condições de produzir sem que falte na prateleira, mas para isso ele precisa de uma política de Estado que lhes garanta isso, garanta custo mais baixo. Isso serve para o leite, para o café, para a cebola. O setor não pode ser tratado como antigamente, onde de fato não se tinha tanta produtividade, tanta tecnologia e se dependia do mercado externo”, disse o presidente.
Orçamento – O aumento de recursos para a comercialização e para o Programa do Seguro Rural (PSR) também foi tema abordado na reunião. O secretário do Ministério da Agricultura pediu apoio da FPA para complementar, por meio de emendas parlamentares, o orçamento do PSR. “Precisamos de R$ 140 milhões para atingir os R$ 550 milhões anunciados no Plano Safra. O seguro rural é um dos principais pilares que sustenta a política agrícola no País. De 2006 a 2015, o PSR já atendeu mais de 400 mil produtores rurais em culturas como soja, trigo, milho, maça e uva”, destacou Geller.
Para a comercialização, por meio da Política Geral de Preços Mínimos (PGPM), a meta, segundo Geller, é atingir R$ 1,7 bilhão no próximo ano. “A conversa com a Frente foi produtiva. Vamos conseguir avançar e atingir um crescimento de 25% a 30% de recursos da União que beneficiem o setor rural”, afirmou o secretário.
Cecília Melo