Dilceu Sperafico*
O agronegócio brasileiro não conquistou destaque mundial em produção, produtividade, qualidade, diversidade e sustentabilidade por acaso. Muitos dos avanços da agropecuária nacional se devem à grande contribuição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
No mercado globalizado, a competitividade depende de produtividade e eficiência dos segmentos produtivos, o que por sua vez só se alcança com tecnologia e profissionalismo.
Tais conhecimentos, que permitiram ao agronegócio nacional a disputa de mercados com nações do chamado primeiro mundo, como os Estados Unidos, certamente se devem às pesquisas e orientações de especialistas da Embrapa, através de suas unidades distribuídas por todo o país e voltadas às culturas predominantes em cada região.
Em País onde empresas estatais são conhecidas por suas distorções, irregularidades e ineficiências, a Embrapa deve ser tratada e saudada como honrosa exceção.
Na verdade, precisa ser homenageada por todos nós, pois graças à sua atuação, o agronegócio brasileiro evoluiu positivamente em todos os sentidos, contribuindo para a superação e/ou redução dos problemas econômicos e sociais do País.
Em apenas 42 anos de atividades, o trabalho de pesquisadores da Embrapa foi essencial para o avanço do agronegócio, especialmente com o desenvolvimento de novas e mais produtivas variedades de sementes.
Além disso, produzindo novas cultivares adaptadas ao solo e clima de novas fronteiras agrícolas, disseminando novas tecnologias que elevaram a produtividade e a produção de alimentos do País.
Com esse avanço, o agronegócio cresceu o suficiente para abastecer o mercado interno com alimentos de qualidade e ao alcance de todas as famílias, além de gerar excedentes para a exportação, colaborando de forma decisiva para o equilíbrio da balança de pagamentos do comércio exterior.
A nossa preocupação está na dúvida sobre se a contribuição da Embrapa está tendo o justo reconhecimento e valorização de parte das autoridades e dos próprios produtores e suas entidades.
Nosso temor está no fato do Brasil, apesar de toda sua dependência do agronegócio, investir somente 1,9% do Produto Interno Bruno (PIB) Agropecuário em pesquisas para o desenvolvimento e modernização da atividade.
Além disso, cerca de 60% desses recursos correspondem ao orçamento anual de manutenção de todas as ações da Embrapa. Conforme especialistas, para garantir e elevar a competitividade do agronegócio brasileiro, o País teria de dobrar os atuais investimentos em pesquisa agropecuária.
Na atualidade, o Brasil estaria contribuindo com somente 5% dos recursos aplicados em pesquisa agrícola no mundo, perdendo até mesmo para a Índia, que responde por 7% do total.
Já os Estados Unidos colaboram com 13% e a China é a nação que mais investe no setor no planeta, contribuindo com 20% dos recursos globais aplicados na pesquisa agropecuária.
O Brasil, portanto, está investindo proporcionalmente apenas a metade dos recursos destinados pelos Estados Unidos aos órgãos de pesquisa, o que nos parece preocupante.
Como a ciência avança com grande velocidade, o Brasil precisaria destinar mais recursos à Embrapa, para que a estatal mantenha e amplie seus programas de pesquisa, especialmente nas áreas mais complexas, apostando em projetos nacionais, parcerias com a iniciativa privada e cooperação internacional, em benefício dos produtores rurais e dos consumidores brasileiros.
*O autor é deputado federal pelo Paraná