Exigência de garantias atrasa liberações para compra de insumos
Produtores rurais, dirigentes de instituições financeiras e deputados federais da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) estiveram reunidos com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, nesta terça-feira (25), para avaliar o fluxo na liberação de recursos para a safra 2015/2016. A reunião foi motivada pelas constantes dificuldades encontradas pelo setor na hora de tomar empréstimos nas agências bancárias para financiamento dos plantios desta safra. Foi marcada para setembro uma nova reunião para avaliar o andamento das contratações.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Marcos Montes (PSD-MG) – que participou da reunião liderando a comitiva de parlamentares da bancada ruralista – explicou que tem recebido das entidades representativas do setor produtivo rural muitas reclamações de que os agentes financeiros estão dificultando a concessão e sendo exigentes em relação às garantias na contratação do crédito rural. Os produtores se queixam, sobretudo, de taxas de juros elevadas, operações com mix de taxas e até de casos de venda casada na liberação do financiamento.
O deputado federal Valdir Colatto (PMDB-SC) ressalta que o ministério e os bancos asseguram que o volume de crédito agrícola contratado em julho de 2015 é 30% superior ao mesmo mês do ano passado. “O ministério e os bancos garantem que as liberações são maiores, no entanto, admitem que foi um crédito para quem tinha como assegurar mais garantias. Agora, os produtores terão mais dificuldades para acesso, pois as exigências vão ser maiores”, pontuou o parlamentar catarinense.
A maior preocupação do deputado Colatto é que as dificuldades de acesso ao crédito vão fazer com que, assim como aconteceu no pré-custeio, as liberações atrasem o andamento da safra. “Os agricultores terão dificuldade para comprar insumos, o que vai gerar um plantio com menos tecnologia e assim, com produtividade menor. Além disso, o custo do frete está mais alto”, alertou. Dados da Fecoagro/SC, por exemplo, apontam que somente 50% da quantidade de fertilizantes entregues em igual período do ano anterior foram adquiridos neste ano.
Além disso, há queixas sobre venda casada e sobre “mix” de taxas, quando há mistura entre recursos controlados e crédito a juros livres. Neste sentido, Colatto reforça que as tentativas de venda casada devem ser denunciadas ao Banco Central ou às ouvidorias dos próprios bancos. Sobre este assunto, o deputado Zé Silva (SDD-MG) revelou na reunião-almoço da FPA dessa terça-feira que tem conhecimento de um produtor que tomou um empréstimo no valor de R$ 1 bilhão. “O banco liberou R$ 500 milhões a juros de 8,75% e os outros R$ 500 milhões a 19%.”
Na semana passada, a Câmara dos Deputados também promoveu uma reunião para tratar da demora na análise dos pedidos de financiamentos, das exigências adicionais para garantia das operações e cobrar mais fiscalização para a prática da venda casada na contratação do crédito rural. Durante a audiência pública que reuniu representantes dos produtores rurais, das instituições financeiras e do Ministério da Agricultura, Colatto enfatizou que “não é justo penalizar nossos agricultores com tantas exigências, tanta burocracia. O crédito rural tem um índice de inadimplência muito baixo. Os dados do Banco do Brasil mostram que são apenas 0,73% de inadimplentes”.
Com Assessoria de Imprensa – Deputado Federal Valdir Colatto (PMDB/SC)