Tensão ainda prevalece na região. Novos conflitos podem ocorrer
A Comissão de Agricultura da Câmara Federal aprovou nesta quarta-feira (7/7) requerimento de convocação dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Cardozo (Justiça) para prestarem esclarecimentos sobre os assassinatos de produtores rurais praticados por índios no município de Faxinalzinho, no Rio Grande do Sul.
Os deputados Luiz Carlos Heinze (PP-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), e Giovanni Queiroz (PDT-PA), vice-presidente da entidade para a Região Norte, autores do requerimento de convocação, acusam Cardozo de ter se omitido sobre a tensão na região. “O ministro da Justiça está brincando com fogo ao não dar a devida atenção a esses conflitos”, alerta Heinze.
“Os índios, de posse de um documento assinado pelo ministro José Eduardo Cardozo, garantem que a tragédia foi motivada por que o titular da pasta da Justiça não cumpriu um acordo firmado. No documento, datado de 19 de março, o ministro Cardozo assume o compromisso de receber as lideranças indígenas para dar prosseguimento às negociações sobre a requerida demarcação, em uma nova reunião que seria realizada no dia 5 de abril”, escreveram os parlamentares no documento.
De acordo com eles, as datas combinadas não foram cumpridas e por isso os índios se revoltaram e bloquearam a estrada onde aconteceu o assassinato. “Mesmo sabendo do clima de tensão no município – pois não dá para acreditar que ele não fosse informado- o senhor Cardozo nada fez para tentar impedir o crime que se concretizaria horas mais tarde”, afirmam.
Os deputados pedem ainda que os ministros expliquem quais medidas o governo tem tomado para evitar o conflito entre produtores rurais e índios no país. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) chegou a responsabilizar Cardozo e a Fundação Nacional do Índio (Funai) pelo ocorrido. Na semana passada, o ministro lamentou o caso e afirmou que o governo tem se empenhado para tratar do assunto.
Segundo a Brigada Militar da cidade gaúcha, os agricultores foram mortos cerca de três horas depois de terem furado um bloqueio que índios caingangues faziam em uma estrada para exigir a demarcação de terras no município. Os corpos dos irmãos Anderson Batista de Souza e Alcemar Batista de Souza foram encontrados em uma ribanceira com marcas de tiros e pauladas. (Com Folha Press)