Autor do projeto de lei que criou os Fundos de Investimentos das Cadeias Agroindustriais (FIAgro), o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania – SP), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), na Câmara dos Deputados, afirmou nesta quarta-feira (25) que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) terá em março os primeiros convênios com objetivo de levar o agronegócio para o mercado de capitais.
O intuito é fortalecer os mecanismos de acesso dos empreendedores do agronegócio ao mercado de capitais, com a promoção de estudos, pesquisas e realização de eventos.
“Vamos aprofundar e detalhar a regulamentação para que o uso seja cada vez mais amplo para o financiamento do agro no Brasil,” disse o deputado afirmando que o agro brasileiro tem se modernizado aos desafios e as exigências da sociedade. “Os capítulos em que o agro tem avançado é no financiamento, assim surgiu a Lei do Agro, a consolidação das CPRs, o Patrimônio de Afetação e o FIAgro.”
Os acordos de cooperação terão foco especialmente educacional, afirmou Arnaldo Jardim.
“Isso é um símbolo daquilo que é o compromisso do setor com o mercado de capitais, o agro que busca alternativas de financiamentos. Essa parceria com do IPA com a CVM e IBDA vem consolidar e difundir nossa trajetória com o produtor rural.”
O IPA congrega 49 entidades que dão suporte aos trabalhos da FPA, hoje integrada por mais de 280 deputados e senadores, de diferentes partidos e ideologias, todos defensores do agronegócio brasileiro.
“O acesso ao crédito ainda é muito caro. Nem todo produtor rural consegue ter acesso a isso. A indústria também precisa de crédito mais barato. A CVM nunca tinha aberto as portas para o agronegócio. Quando ela faz isso, para que as pessoas entendam o que é o mercado de capitais que na teoria não tem o conhecimento, é uma grande oportunidade”, ressalta o presidente do IPA, Nilson Leitão.
Agronegócio
Segundo o superintendente da CVM, Bruno Gomes, o agronegócio precisa de R$ 1 trilhão ao ano. Deste total, o setor tem acesso a cerca de R$ 300 bilhões por meio de crédito subsidiado (Plano Safra) e R$ 300 bilhões são capital próprio. Outros R$ 300 bilhões a R$ 500 bilhões o setor consegue por meio de empréstimos e alguma parcela tem origem em financiamentos por meio o mercado de capitais.
Para o superintendente, existe um potencial para o mercado de capitais captar até dois terços deste total — considerando o montante financiado e os recursos que hoje são investidos por meio de capital próprio.
“Há espaço para o mercado de capitais suprir R$ 600 bilhões de crédito ao produtor rural. Em cinco anos, estamos falando de R$ 3 trilhões de operações em estoque”, frisa.
Convênio
A partir do convênio com o IPA, a CVM pretende realizar ações educacionais para ampliar o conhecimento e o acesso a investimentos de empreendedores e investidores dos setores agropecuários. A autarquia e o instituto devem realizar eventos de capacitação e elaborar estudos e pesquisas para a produção de materiais educacionais.
“Quando esse tipo de discussão ocorrer, a CVM será incluída nos temas que afetam direta ou indiretamente a pauta de desenvolvimento de mercado de capitais”, afirma Gomes. Isso deve acontecer, por exemplo, nas discussões sobre a regra definitiva do Fiagro que está prevista para 2023.
O acordo com o IBDA visa aumentar a divulgação das opções de financiamento da cadeia do agronegócio no mercado de capitais, e proporcionar mais educação dos empreendedores rurais quando optarem por essa modalidade de financiamento.
O sucesso do FIAgro
Desde outubro de 2021 disponível para investidores, o FIAgro tem mostrado um crescimento acima do esperado. Números apresentados em fevereiro de 2023, indicam que até o fim do ano passado, o crescimento do patrimônio líquido do Fundo foi de 544%. Ou seja, o salto total foi de R$ 1,6 bilhão para R$ 10,3 bilhões.
Em relação ao número de pessoas físicas que passaram a investir no FIAgro, entre janeiro e novembro do ano passado, os números subiram 417%, e passou de 30,7 mil para 158,8 mil investidores.
Para se ter uma ideia, no acumulado de 2022, o retorno do FIAgro chegou a bater a faixa dos 30%. Este percentual supera, inclusive, aos melhores resultados obtidos por Fundos Imobiliários (FIIs), que possuem funcionamento semelhante, e variaram entre 20% e 22% no período.