A Liga do Agro realizou nesta quinta-feira (6) debate sobre a força do agro brasileiro e a importância da comunicação do campo para a cidade. A live foi apresentada pela jornalista Lilian Munhoz e mediada pelo advogado Marco Marrafon e teve como debatedores o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), o comunicador Luciano Huck e a presidente da Sociedade Rural Brasileira, Teka Vendramini.
Alceu Moreira abriu o debate com uma provocação a respeito da forma errada que o Brasil comunica ao mundo, e aos próprios brasileiros, as conquistas do agro nacional. O deputado chegou a dizer que “aprendemos tudo da roça para a mesa e não aprendemos o caminho da mesa para roça”, em uma alusão onde o caminho da mesa pra roça representa a comunicação e imagem do agronegócio brasileiro dentro e fora do Brasil, que para Alceu Moreira tem sido feita de forma equivocada.
O presidente da FPA exemplificou ao dizer que “fazer comunicação para os centros urbanos é fazer o caminho da mesa para roça, é fazer com que as pessoas, neste momento de pandemia, possam perceber que o único momento de lazer que elas têm atualmente é tomando um vinho que veio da roça ou que aquele belo jantar também é oriundo da zona rural”.
O comunicador Luciano Huck concordou com o parlamentar em relação a erros relacionados a forma de mostrar o Brasil lá fora, principalmente sobre o assunto sustentabilidade e citou pontos positivos que o agro brasileiro tem apresentado neste momento delicado de pandemia. “O baile que a gente deu no mundo na gestão dessa crise sanitária veio através do agro. Vimos uma mega mobilização no setor para que tudo seguisse funcionando”, explicitou Luciano Huck, que complementou dizendo que “muita gente dizia que o país iria desabastecer e não houve desabastecimento, por mérito absoluto da infraestrutura logística do agro”.
Em um segundo momento do debate foi levantado o assunto sustentabilidade, onde o apresentador Luciano Huck apontou dados referentes ao desmatamento em áreas agrícolas no Brasil, com a informação de que 99% dessas áreas no país tiveram o desmatamento feito de forma ilegal. “Enquanto você não conseguir enxergar essa fotografia com clareza e não deixar que qualquer tipo de ideologia te deixe míope, a ponto de conseguir ver a realidade, eu acho que a gente não vai chegar a lugar algum, ficamos em um debate sem consenso”.
Alceu Moreira indagou que “nas últimas duas décadas as universidades não debateram o assunto sustentabilidade, se falou apenas em política ambiental”. Para o deputado, “sustentabilidade é ter na mesma dimensão o social, o econômico e o ambiental”, e quando se coloca na mesa apenas a questão ambiental como foco e se esquece de enfatizar o homem e a economia “se perde a visão de sustentabilidade para se discutir um único ponto da questão”.
Já a respeito da questão ligada ao produtor familiar, Teka Vendramini apontou o setor rural como grande gerador de empregos. “A roça aloca um grande número de trabalhadores no Brasil. Só na produção da cesta básica o pequeno produtor é responsável por 70% do feijão, 34% do arroz, mais de 80% da mandioca e 60% do leite”, informou a presidente da Sociedade Rural Brasileira, com base em dados do Censo Nacional, apresentado pelo IBGE, em 2017.
O deputado Alceu Moreira acrescentou a informação de que “o Brasil é um país de selo verde”. O parlamentar citou que o agronegócio brasileiro alimenta 1,4 bilhões de pessoas no mundo e para ele é necessário entender que existem exceções. “Quando o agricultor não respeita o meio ambiente, ele não é um agricultor e quando um ambientalista não respeita o agricultor, ele não é um ambientalista. Ele passa a defender única e exclusivamente a questão ambiental e transforma a exceção em regra”.
Por fim, Luciano Huck disse que “o Brasil tem tudo para ser uma potência verde do mundo”. O apresentador chegou a afirmar que “o país tem tudo para ser a maior potência agroindustrial sustentável do planeta”. Mas, segundo Huck, para isso “é necessário democratizar o acesso a tecnologia, assim você dá saltos exponenciais de produção no Brasil, sem derrubar uma única árvore”.
A Liga do Agro, fomentadora do debate, foi criada em julho de 2019, por profissionais do agronegócio que decidiram se unir para levar conhecimento, produzir conteúdo, combater fakenews e desmistificar assuntos relacionados ao setor, com intuito de fortalecer a imagem do agronegócio, com aproximação entre o campo e a cidade.