Dilceu Sperafico*
A questão do aquecimento global prossegue motivando debates e teorias distintas, muitas delas contraditórias, que só aumentam as dúvidas entre os cidadãos leigos no assunto.
Tanto que há cientistas afirmando que a tese da elevação das temperaturas no planeta é equivocada, pois seria fenômeno natural, periódico e previsível, sem influência da atividade humana.
Para dar novos argumentos aos descrentes no aquecimento, o próprio noticiário sobre o assunto muitas vezes gera mais dúvidas do que esclarecimentos.
Em 15 de outubro último, por exemplo, jornais do mundo inteiro divulgaram ao mesmo tempo, que havia sido descoberto grande espaço aberto pelo degelo na Antártica e que pingüins estavam morrendo de fome, devido à grande expansão de área congelada no mesmo continente.
O primeiro noticiário destacou que no chamado Mar de Weddell, na Antártida, cientistas haviam identificado buraco no gelo com área maior do que o Estado da Paraíba.
No mar, considerado o mais limpo do mundo, plataforma de gelo com 442 mil quilômetros quadrados, permaneceria intacta durante todo o ano.
A surpreendente abertura no gelo antártico foi descoberta em meados de setembro por pesquisadores que monitoravam imagens de satélite do local. Ocorre que haveria a suspeita de que a abertura poderia se formar este ano, pois fenômeno menor teria sido verificado na região no ano passado.
A abertura teria chegado a 60 mil quilômetros quadrados, a maior observada na região desde os anos 1970 e o curioso é que o buraco tenha surgido em pleno inverno, que na Antártica dura seis meses por ano.
Na mesma data, diversos outros jornais importantes, noticiaram que o excesso de gelo estava causando a morte de milhares de pingüins na Antártica.
As camadas de gelo marinho mais extensas obrigariam aves adultas a se deslocarem até locais mais distantes em busca de alimentos para os filhotes.
Com o fenômeno, milhares de pequenos exemplares da espécie nascidos na temporada de reprodução teriam morrido de fome, pois as aves típicas da região, chamadas pingüim-de-adélia, tiveram mais dificuldades para encontrar alimentos.
A organização não governamental World Wildlife Fund, voltada à preservação ambiental, inclusive fez alerta, após a morte dos filhotes, destacando a necessidade de medidas urgentes, como a definição de nova área de proteção marinha no Leste da Antártica, destinada ao abrigo seguro de colônia de cerca de 36 mil pingüins adultos.
A instituição quer também a proibição da pesca de camarões e outros crustáceos na área delimitada, pois eliminaria a concorrência e ajudaria a garantir a sobrevivência de diversas espécies antárticas, incluindo os pingüins, cuja população vem sendo monitorada por cientistas desde 2010.
Diante dessas contradições, espera-se a adoção de critérios mais rigorosos na definição do que é realmente o chamado aquecimento global, suas verdadeiras causas e possíveis conseqüências para toda a humanidade.
Em nossa opinião, não há dúvida sobre a importância e urgência da preservação dos recursos naturais, inclusive pelos agricultores que exercem atividade econômica a céu aberto, dependem do clima para sobreviver e vivem constantes ameaças de prejuízos causados pelas adversidades climáticas, como estiagens, vendavais, enchentes e tempestades de granizo.
O fundamental é que se esclareçam todas as dúvidas a respeito, para a correta orientação dos cidadãos, urbanos e rurais.
*O autor é deputado federal pelo Paraná