A lavoura do café é bastante difundida no território brasileiro, especialmente em função do caráter migratório da cultura. Durante muitas décadas, o café foi o principal produto das exportações nacionais e atualmente, o café é 5º mais importante produto no agronegócio brasileiro, com participação de 2,7% nas exportações totais do país e de 5,6% nos embarques do agronegócio. A cultura é importante para as economias dos seis principais estados produtores brasileiros – Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia e Rondônia.
De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques brasileiros do grão vindo desses estados totalizaram 3,3 milhões de sacas de 60 kg em setembro deste ano, implicando alta de 4,5% em relação aos 3,2 milhões remetidos ao exterior no mesmo intervalo de 2021. Em receita, o desempenho é recorde, com o ingresso de US$ 805,5 milhões, avanço de 49,8% no mesmo comparativo anual.
Integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Evair de Melo (PP-ES) destaca que a prioridade do setor para 2023 é o apoio à cafeicultura nacional. “A nossa batalha é pelo resgate da autoestima dos nossos produtores. Só podemos expor o produtor brasileiro a uma competição internacional, quando tivermos infraestrutura e logística adequada, reforma e simplificação tributária, segurança, energia e telefonia disponíveis, e outros fatores que nos permita competir,” disse.
O parlamentar afirma que a cultura do café necessita de maior valorização e políticas voltadas ao setor. “Continuaremos cobrando políticas públicas mais consistentes para os cafeicultores. Hoje em dia, o Brasil é um grande player e tem a maior produção e exportação, além de ser o segundo maior consumidor de café. Seguindo essas novas tendências sustentáveis, com uma produção de qualidade, esse papel fica ainda mais forte e amplia o market share (quota de mercado)”, completou.
Conforme o presidente do Cecafé, Günter Häusler, no acumulado de janeiro ao fim de setembro deste ano, as exportações brasileiras de café somaram 28,748 milhões de sacas, com leve recuo de 3,9% frente aos 29,927 milhões registrados nos nove primeiros meses de 2021. Já a receita cambial é recorde, com os embarques rendendo US$ 6,7 bilhões, montante que representa ganhos significativos de 60,4% ante os US$ 4,1 bilhões apurados entre janeiro e setembro do ano passado.
Em contrapartida, mesmo com a melhora pontual no cenário, o presidente do Cecafé recorda que os gargalos na logística seguem desafiadores. “Não me canso de elogiar o trabalho das empresas exportadoras, que, diante de uma realidade muito aquém da normalidade no comércio marítimo global, com encarecimento de custos, menor disponibilidade de contêineres, congestionamento em portos da América do Norte e Europa, falta de bookings, rolagens de cargas, entre outras adversidades, seguem se desdobrando e mantêm o Brasil como um leal fornecedor de café em volume, qualidade e sustentabilidade, mesmo com o aumento dos entraves logísticos em setembro”, completa.
Principais destinos
Os Estados Unidos lideram o ranking das exportações nacionais de café, entre janeiro e o fim de setembro, com a importação de 5,853 milhões de sacas, volume 2,3% superior aos 5,721 milhões comprados no mesmo intervalo de 2021. Esse volume corresponde a 20,4% dos embarques totais do Brasil neste ano.
A Alemanha, com representatividade de 17,7%, importou 5,097 milhões de sacas (+1,4%) e ocupa o segundo lugar na tabela. Na sequência, vêm Itália, com a compra de 2,393 milhões de sacas (+17,3%); Bélgica, com 2,293 milhões (+12,5%); e Japão, com a aquisição de 1,363 milhão de sacas (-27,5%).
Tipos de Café
O café arábica, segundo o Cecafé, segue como o mais exportado no acumulado de 2022, com a remessa de 24,673 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 85,8% do total. Já o café solúvel registrou embarque equivalente a 2,820 milhões de sacas, respondendo por 9,8%. Na sequência, aparecem as variedades canéfora (robusta + conilon), com a exportação de 1,220 milhão de sacas (4,2%), e o produto torrado e torrado e moído, com 34.619 sacas (0,1%).
Portos
O complexo marítimo de Santos (SP) segue como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2022, com o envio de 23,430 milhões de sacas, o que equivale a 81,5% do total. Completando a lista dos três primeiros, aparecem os portos do Rio de Janeiro, que respondem por 13,9% dos embarques, com a remessa de 4,009 milhões de sacas nos nove primeiros meses de 2022, e Paranaguá (PR), com a exportação de 264.757 sacas (0,9%).