O Brasil tem o domínio da tecnologia da agricultura tropical, com até três safras no ano, e nos coloca como uma potência agrícola não só do presente, mas também do futuro. A afirmação foi feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em debate na última live sobre o Fórum Nacional de Incentivo a Cadeia Leiteira promovida, nesta segunda-feira (10), pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) em parceria com a subcomissão do leite na Câmara dos Deputados.
“O pessoal do campo que manteve as prateleiras cheias para que o povo brasileiro pudesse manter o distanciamento social e tentar furar essa primeira onda do vírus com muita dificuldade, mas com valentia estamos atravessando. O Brasil praticamente não foi atingido nas exportações,” afirmou Guedes em alusão a pandemia no país. “Nossa resiliência é tão forte que remanejamos as exportações para Ásia, principalmente a China, diante da diminuição de exportações para os EUA, Europa e Argentina.”
O Brasil é o 3º maior produtor de leite do mundo e o alimento é o sexto de maior importância na cadeia do agronegócio. No país, são 1,171 milhão de estabelecimentos produtores de leite desde o pequeno da agricultura familiar, passando pelo médio e grande produtor. Atualmente, cerca de 20 milhões de pessoas vivem da cadeia produtiva do leite no país.
Ainda assim, o setor enfrenta dificuldades por altos custos na produção em consonância com a falta de políticas públicas. “Essa crise tem gerado cada vez mais a inviabilidade da atividade leiteira, colocando em risco – além do sustento de milhares de produtores – o fornecimento de um produto de tamanha importância na alimentação dos brasileiros,” disse a deputada federal Aline Sleutjes (PSL-PR).
A parlamentar foi a mediadora do Fórum de Incentivo a Cadeia Leiteira que, durante cinco edições, ouviu o pequeno, médio e grande produtor para expor situações e propor ao governo um plano de apoio ao setor leiteiro.
Na avaliação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a cadeia do leite se organizou no país. “É isso que vai dar a ela previsibilidade e poder de negociação com os laticínios. Preço justo é o produtor conhecer o seu custo de produção – saber quanto gasta e quanto custa o litro de leite.”
No debate, a ministra também reforçou a abertura de novos mercados para dá equilíbrio na cadeia produtiva. “Com abertura da China, do Egito e tantos outros mercados, nós temos um desafio de organizar o setor para a exportação e abastecer também o mercado externo.”
O ministro da Economia também enfatizou a importância do diálogo do governo com o setor do agro e disse que precisamos importar mais máquinas e equipamentos para permitir a modernização da agricultura brasileira.”
Políticas Públicas
Sobre as políticas públicas para o setor leiteiro, a ministra afirmou que a melhor forma de lidar com o tema é a qualificação do produtor com assistência técnica. “É nossa obrigação conhecer os vários públicos nas várias cadeias produtivas e fazer com que esse público cada vez mais possa crescer em patamar de assistência técnica e tecnologia, disse Tereza Cristina. “O nosso sonho é que o leite seja pago pela qualidade, quanto mais qualidade mais ele recebe. Isso vai incentivar que a gente tenha melhor produtividade.”
A ministra da Agricultura reforçou que um dos problemas do setor da agropecuária leiteira está ligado a energia elétrica. “Com a energia monofásica que existe hoje é muito difícil tocar os equipamentos existentes. Nós precisaríamos começar a pensar na situação da energia elétrica no campo, no Brasil.”
Rogério Boueri, subsecretário de política agrícola do ministério da Economia, destacou que em conjunto com o Ministério da Agricultura e com a Conab está sendo feito o cálculo regionalizado para desenvolver uma metodologia sobre os custos de produção. “Estamos trabalhando em três frentes para aumentar o poder de previsibilidade: a primeira é o fortalecimento de seguros, a segunda instrumentos de mercado – para que todo produtor possa comprar, e isso vai garantir o preço futuro a frente.”
O ministro Paulo Guedes disse que o sistema é simples e vai facilitar muito as exportações, “irá garantir praticamente a devolução instantânea dos créditos, que hoje ficam acumulados, que o produtor demora a receber. Então nós estamos indo em direção a uma simplificação. O Brasil mais do que nunca depende do agro para ter sucesso.”