Delegação composta por 12 empresas e instituições de governo dos Emirados Árabes Unidos se reuniu, nesta terça-feira (24), com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e com 43 entidades do setor no Brasil. Na pauta, oportunidades de investimentos no agronegócio brasileiro e parcerias entre os dois países no mercado produtivo mundial.
A comitiva cumpre agenda no País até 1 de novembro, com reuniões nos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Fazenda, Tribunal de Contas da União (TCU), Embrapa, além de visitas a governos estaduais.
Para a embaixadora dos Emirados, Hafsa Al Ulana, a missão é o pontapé inicial para as possibilidades que se abrem de cooperações técnicas e econômicas com o setor agrícola brasileiro. “Esta é a primeira de muitas visitas que iremos realizar aqui no Brasil. O principal objetivo é conhecer a agricultura brasileira e entender como o setor se estrutura. As parcerias devem ser de mútuo conhecimento e intercâmbio de experiências para fortalecer o mercado mundial”, avaliou Hafsa.
Os representantes da delegação demonstraram interesse amplo em fechar parcerias não só de investimentos no Brasil, mas também de troca de experiências entre os setores. “Não estamos aqui apenas como representantes de capital, mas também como empresas renomadas no ramo de agricultura dos Emirados. A nossa cooperação econômica deve ser fortalecida”, afirmou Khalifa Al Ali, diretor-geral do Food Security Center dos Emirados Árabes.
Projetos de cooperação em setores como os de proteína animal, frutas e transporte foram alguns dos destaques apontados pelas empresas de Abu Dhabi. “Nós somos o principal parceiro em segurança alimentar nos Emirados Árabes. Atuamos também na área de logística de setores como energia, transportes e portos. Temos um ganho anual de cerca de 5 bilhões de dólares. Estamos confiantes nas oportunidades que o Brasil pode nos oferecer”, destacou Mohammad Jaber, da empresa de logística Agility, em Abu Dhabi.
Para o presidente da FPA, deputado Nilson Leitão (PSDB/MT), o Brasil tem uma capacidade exponencial de ser um dos maiores produtores do mundo de energia limpa, por meio do etanol de milho e cana-de-açúcar. Além disso, o País, segundo Leitão, já se configura como o maior produtor de grãos e carne e o maior exportador de soja. “O Brasil avança cada vez mais na produção agrícola, com oferta em abundância de produtos, mas ainda carece de investimentos em logística e infraestrutura”, ressaltou o presidente.
Em representação às entidades do setor agropecuário presentes, o presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Fábio Meirelles Filho, destacou que o agronegócio brasileiro tem muito a oferecer em parcerias internacionais, principalmente em países com potencial de investimentos para produtos agrícolas tanto de origem animal ou vegetal. “Nosso elo começa aqui. Facilitar o contato tanto com a iniciativa privada quanto com o setor público é nossa premissa”, afirmou Meirelles.
Para o deputado Guilherme Coelho (PSDB/PE), o papel da FPA é dar segurança tanto aos investidores estrangeiros quanto ao produtor rural. “A parceria deve garantir à empresa estrangeira segurança em investir no produto brasileiro ao mesmo tempo que amplia a produção rural, sempre com qualidade e de forma sustentável. O produtor rural deve ter seu espaço assegurado no mercado internacional”, concluiu o deputado.
Entre 2003 e 2016, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os Emirados Árabes Unidos investiram US$ 290,2 bilhões no mundo e geraram 473 mil empregos. Nos últimos anos, os emirados investiram justamente em setores onde há oportunidades no Brasil. Em 2015, dos 10 principais produtos exportados do Brasil pelos Emirados, cinco foram de origem agropecuária, como carnes, açúcares, cereais, soja e tabaco.
Poder do investimento – As relações entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos (EAU) foram estabelecidas formalmente em 1974. A Embaixada do Brasil em Abu Dhabi foi instalada em 1978 e em 1991, os EAU instalaram sua representação diplomática em Brasília, a primeira da América Latina.
O intercâmbio comercial entre os dois países experimentou, ao longo dos últimos anos, crescimento contínuo e expressivo. A partir de 2008, os EAU transformaram-se no segundo parceiro do Brasil no Oriente Médio, em termos de montante das trocas bilaterais, atrás apenas da Arábia Saudita.
O comércio total com os EAU, que em 2000 somava US$ 300 milhões, atingiu em 2015 a marca de US$ 3 bilhões, com superávit brasileiro de cerca de US$ 2 bilhões. Segundo dados do Ministério de Relações Exteriores, o estoque de investimentos emiráticos no Brasil é de aproximadamente US$ 5 bilhões.
Os Emirados são, atualmente, importante entreposto comercial, “hub” logístico e centro de negócios. Hoje, aproximadamente 30 empresas brasileiras contam com escritórios comerciais no país para suas exportações na região. A Agência de Promoção das Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) mantém um escritório em Jebel Ali, zona franca de Dubai, para auxiliar empresas brasileiras que pretendam se estabelecer nos Emirados.
Cecília Melo