Dilceu Sperafico*
Para se avaliar melhor a contribuição do agronegócio para o desenvolvimento econômico e a estabilidade social do País, basta lembrar estudos elaborados com base em projeções de analistas de mercado sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), de diferentes setores da economia nacional, neste ano de 2017.
De acordo com esses levantamentos, se a atividade econômica brasileira realmente alcançar crescimento no período, 75% desse resultado positivo virá da agropecuária.
Conforme especialistas, sem o agronegócio, o PIB brasileiro teria elevação de apenas 0,12% em 2017, em vez do já modesto crescimento de 0,47%, projetado pelo mercado. A contribuição da agropecuária de três quartos do crescimento da atividade econômica brasileira em 2017 será a maior em 18 anos.
Essa alta participação, a maior desde 1999, quando o PIB agrícola representou 77% do total, se deve tanto ao bom momento para a produção do campo, quanto às dificuldades de outros setores produtivos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contando com clima favorável na maioria das regiões produtoras, a safra de grãos do Brasil crescerá 26% neste ano e atingirá novo recorde.
Especialistas destacam que no período a agropecuária crescerá 6,4% e a indústria 0,88%, enquanto o setor de prestação de serviços deverá apresentar queda de 0,06%.
Os benefícios da expansão do agronegócio, vale destacar, não se resumem à maior oferta de alimentos de qualidade e a preços acessíveis para a população nacional e de excedentes para as exportações, contribuindo para superávits na balança comercial e arrecadação de divisas.
O crescimento da produção de grãos, carnes e frutas, entre outros alimentos, além de matérias-primas, movimentam a indústria de transformação, o transporte e o comércio, gerando empregos, renda e tributação em todas essas atividades.
O agronegócio, portanto, não gera riquezas e bem-estar social apenas no campo, mas também nas áreas urbanas, colaborando para o crescimento econômico e humano de todo o País.
Conforme especialistas, a criação de empregos no setor agropecuário também auxilia no desenvolvimento do consumo interno, ajudando a impulsionar o comércio, no atacado e varejo.
As projeções sobre a participação do agronegócio no desempenho do PIB nacional variam entre consultorias especializadas, pois algumas instituições têm estimativas mais conservadoras, enquanto outras chegam a avaliar essa contribuição em 90%. Isso porque os cálculos dos especialistas dependem do peso que se atribui à agropecuária no contexto da atividade econômica nacional.
Alguns especialistas fundamentam suas projeções levando em consideração apenas a produção da porteira das fazendas para dentro.
Outros consideram que se outros setores alinhados, como agroindústria, comércio e prestação de serviços acompanharem o desempenho do agronegócio, os benefícios podem se refletir em todos os demais segmentos da economia.
Levantamento da Universidade de São Paulo (USP), considera para toda a cadeia do agronegócio, incluindo a agroindústria e os serviços, participação de 22% do PIB. Já quando se leva em conta somente a produção agropecuária, o percentual cai para cerca de 5%.
Prova disso, são dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostrando a diferença entre a geração de empregos no interior e nas capitais dos Estados.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).