Dilceu Sperafico*
Não por acaso o produtor e proprietário rural está sendo cada vez mais reconhecido e valorizado pela sua contribuição à preservação dos recursos naturais e combate ao aquecimento global e suas conseqüências para a qualidade de vida no planeta.
Conforme especialistas, os produtores rurais vêm se importando cada vez mais com a sustentabilidade e o meio ambiente. Estudos técnicos comprovam esse comportamento extremamente benéfico para a população urbana e rural e a atividade produtiva.
Pesquisa revelada recentemente comprova que o agricultor vem investido cada vez mais em tecnologia e na silvicultura, visando o aumento da produtividade e diversificação da produção, colaborando para reduzir os eventuais prejuízos de desmatamentos feitos há algumas décadas.
O verdadeiro “raio x” de propriedades rurais, realizado pela Embrapa Monitoramento por Satélite, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com sede em Campinas, no Estado de São Paulo, utilizou dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), para avaliar o comprometimento do produtor com a questão ambiental e suas ações práticas com essa finalidade.
O resultado do levantamento comprova que os produtores rurais brasileiros estão se destacando cada vez mais na preservação do meio ambiente, inclusive investindo recursos próprios e abrindo mão de áreas produtivas, para reflorestar parcela de suas propriedades.
A maior prova disso, segundo a pesquisa, é que o agronegócio brasileiro vêm colhendo safras recordes de grãos ano após ano, utilizando sempre o mesmo estoque de terras ou sem ampliação da área de cultivo.
Conforme o pesquisador Evaristo de Miranda, da Embrapa, desde 1975 a área de cultivo de grãos do País permanece inalterada, enquanto a produção aumentou quatro ou cinco vezes no mesmo espaço, graças à incorporação de tecnologias e da preservação dos recursos naturais na atividade produtiva.
Com isso, segundo o especialista, a agropecuária nacional vem crescendo verticalmente, com a preservação de matas nativas e áreas de pastagens.
Tanto que a agricultura brasileira, responsável por enorme produção de grãos, sempre com qualidade, diversidade e sustentabilidade, cultivando apenas de 8,0% a 9,0 % do território nacional.
No Estado de São Paulo, por exemplo, o estudo da Embrapa revelou que os produtores rurais são os maiores responsáveis pela preservação e manutenção de 15% da cobertura florestal e vegetação nativa.
Ao mesmo tempo, no território do Estado do Mato Grosso, apontado como vilão do desmatamento ilegal do País, nada menos do que 35,9% das áreas preservadas estão em propriedades rurais particulares, enquanto somente 19% estão em reservas indígenas ou parques florestais públicos.
No Rio Grande do Sul, de acordo com a Embrapa, os agricultores preservam florestas nativas ou cultivadas 13 vezes maiores do que as áreas indígenas e unidades de conservação.
Conforme o estudo, essa disparidade se deve ao fato dos produtores rurais serem hoje os maiores interessados em proteger os cursos d’água, preservar as matas ciliares e manter a cobertura vegetal, visando o equilíbrio do clima.
Como já destacamos inúmeras vezes, há tempos o agricultor se convenceu da necessidade de preservar a natureza, na medida em que exerce atividade econômica a céu aberto e exposta às adversidades climáticas, sendo o primeiro a perder com as alterações ambientais.
*O autor é deputado federal pelo Paraná