O ajuste fiscal é a base da política econômica que passou a ser executada este ano. Sem que as contas públicas retomem um rumo que reduza as necessidades de financiamento do Estado, não será possível pavimentar as condições para a recuperação da economia, com mais crescimento e menos inflação.
No entanto, a fase de “freio de arrumação” terminará nos próximos meses e ao se olhar para o futuro é possível constatar que o país tem nas mãos uma poderosa alavanca para ajudar a economia a ganhar impulso novamente, e pelo caminho mais saudável. A estagnação dos últimos anos não fez desaparecer por encanto a demanda por infraestrutura. As deficiências desses segmentos são tamanhas que podem se transformar em uma barreira intransponível para um futuro processo de crescimento.
Então, neste momento mais salutar que o incentivo ao consumo seria investimentos para a infraestrutura.
Tirar do marasmo o governo nessa área foi uma dificuldade no segundo governo Lula. No primeiro mandato da presidente Dilma os programas de concessões ganharam mais dinamismo, mas mesmo assim com regras que reduziram o interesse de potenciais investidores.
A lição parece que foi aprendida e agora em segundo mandato o governo Dilma acena com uma ampliação desses programas e em condições maias atrativas. O Ministério do Planejamento está encarregado de esboçar as regras que nortearão as novas concessões.
Os aeroportos mais movimentados já estão sob administração privada, porém com um modelo que não se mostrou o mais adequado pela excessiva participação (49%) da Infraero. Espera-se que nas próximas licitações esse fator possa ser revisto. Também em relação às ferrovias o modelo que o governo pretendia adotar não saiu do papel , ao se distanciar de parâmetros de mercado. Ao que tudo indica, haverá mais flexibilidade de modo que os investimentos no setor ferroviário possam se multiplicar. Quanto aos terminais portuários, os problemas parecem estar mais na burocracia que nos marcos regulatórios. Diversos investimentos estão definidos à espera apenas de aprovação por parte das autoridades, que não têm conseguido se entender, nos diferentes escalões.
Com o setor de petróleo combalido pela conjuntura temporariamente adversa, o de energia elétrica tentando se reerguer depois do solavanco de 2013 e 2014, o de telecomunicações ainda ganhando fôlego após volumosos investimentos, os segmentos de transporte e de saneamento básico aparecem como como que mais rapidamente podem responder na infraestrutura a uma política governamental mais amigável.