O Brasil é o 4º maior produtor agrícola do mundo. Também o 2º maior exportador de alimentos do planeta e desde os idos de 1980/1990 o campo brasileiro caminha em rota ascendente na produção de grãos e proteína animal. Fez isso principalmente com saltos de eficiência, incorporando tecnologia, modernizando seu parque de máquinas e equipamentos e gerando agrociência tropical altamente competitiva. Construiu assim uma das pontes mais sólidas que levarão o Brasil para o futuro.
O agronegócio brasileiro garantiu comida na mesa dos brasileiros e foi ferramenta importante para amenizar o efeito de desigualdades sociais. Gera 30% dos empregos do País e, com sua estratégia modernizadora, impulsionou postos de trabalho na indústria e no setor de serviços. Foi, enfim, fator importante para a interiorização do desenvolvimento e o surgimento de uma nova classe média rural, que alimenta o dinamismo de muitos segmentos de bens de consumo ou serviços como educação, turismo, cultura e lazer.
No front externo, o agronegócio firmou-se como protagonista com as vendas de commodities e hoje responde por 40% das exportações brasileiras. Mas agora sua presença no mercado internacional também cresce com as multinacionais brasileiras de alimentos e até com a exportação de conhecimento tecnológico – como é o caso da atuação de profissionais da Embrapa e do IAC (iniciativa privada, idem), só para ficar em um exemplo.
Claro que o setor ainda tem lições de casa por fazer, como o aprofundamento de políticas e práticas pró-sustentabilidade, que garantam às agro sociedades o passaporte para décadas vindouras. Mas mesmo com passivos nessa área, o progresso do agronegócio rumo a um perfil sustentável é digno de nota: em 20 anos aumentou de 45% a 70% a produtividade de algodão, arroz, milho, soja e trigo, e recuou em mais de 60% o consumo de óleo diesel durante a safra. Em carnes, produz hoje uma tonelada (metade frango, metade suíno) com apenas 1/8 da área utilizada com o mesmo objetivo, nos anos 1960/1970.
Por isso, nas próximas eleições acho que o meu primeiro voto será no agronegócio. A partir dessa escolha, então, vou alinhar propostas e candidatos com os meus valores políticos, ideológicos e de cidadania, para daí selecionar quem vai levar meu voto para dentro da urna, seja na esfera federal ou estadual. Aliás, acho que todo mundo poderia fazer ao menos um exercício de pensamento, para ver como ficariam suas escolhas eleitorais, se fossem harmonizadas com propostas que estimulem e valorizem o homem do campo e a família rural.
Falo como cidadão nascido, criado e maturado em uma megalópole e veja que isso não significa conflito de interesses, pois o sucesso do campo e da cidade são coisas convergentes. Afinal, se votar é um ato de compromisso com o futuro da sociedade, no caso do Brasil, esse futuro certamente passa pela estabilidade, evolução e crescimento do agronegócio, neste momento.
(Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável – CCAS e professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM)
* Artigo publicado no Jornal Diário da Manhã (08/-7/2014)