Por Alana Gandra
Rio de Janeiro – Transformar a Academia Nacional de Agricultura em um “chapéu pensador do agronegócio brasileiro” é uma das metas do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que assume a presidência da instituição no próximo dia 15. Em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, Rodrigues pretende discutir os temas relevantes do setor, “mas não mais na linha do diagnóstico”.
Em entrevista à Agência Brasil, explicou que deseja encontrar soluções que sejam factíveis para cada gargalo, tanto do ponto de vista das políticas públicas, como do setor privado. O objetivo é elaborar planos e propostas concretas que possam ajudar o governo, o Legislativo e o Judiciário a entender melhor o setor e a encontrar caminhos que levem ao desenvolvimento da agricultura nacional.
Roberto Rodrigues avaliou que o agronegócio tem sido responsável por garantir o saldo comercial positivo internacional do Brasil, além do próprio crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, e a geração de empregos.
“É um setor dinâmico, com uma série de gargalos que nós precisamos resolver de maneira positiva, construtiva.” O ex-ministro disse que o estabelecimento de uma política de renda no meio agrícola seria essencial para o país, do mesmo modo que a instalação definitiva do seguro rural, mas destacou que isso implica em mecanismos de ação pública e privada. “A ideia é trabalhar esses mecanismos a partir da
academia e buscar uma costura, ou seja, um entendimento entre o setor público e o privado, para evoluir para um seguro rural digno desse nome, como existe nos países desenvolvidos”.
Na área do comércio exterior, Rodrigues disse que o Brasil tem sua maior pauta de exportações em commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) “porque o comprador, lá fora, quer comprar matérias-primas para agregar valor lá. Da mesma forma que eu quero agregar valor aqui”.
A negociação entre compradores e vendedores passa, segundo argumentou, por uma postura diplomática. “Penso que aqui há um papel importante para o Itamaraty jogar junto conosco.”Na opinião de Rodrigues, a realização de acordos internacionais que permitam agregar valor de forma paulatina aos produtos brasileiros poderia ser uma solução muito bem-vinda, “para não criar problemas nem para nós, nem para eles (compradores)”.
Outro tema que Rodrigues destacou são os acordos bilaterais. “O Brasil não tem acordo bilateral com nenhum país.” Segundo ele, esse é um capítulo pelo qual já passa hoje a terça parte do comércio mundial. Na presidência da Academia Nacional de Agricultura, Rodrigues pretende criar um diálogo com o Itamaraty para “buscar essa linha de agregação de valor, sem destruir mercados”.
No âmbito interno, a infraestrutura logística é apontada como principal gargalo a ser combatido. Rodrigues destacou que a Empresa de Planejamento Logístico (EPL) tem, atualmente, um “plano espetacular” para a logística brasileira, englobando as áreas de ferrovias, rodovias, portos, hidrovias, entre outras. “O projeto é muito bom. O problema é transformá-lo em realidade”. Para ele, a questão passa pelo estabelecimento de parcerias e concessões que o governo fará a empresas privadas.
O ex-ministro reconheceu que esse processo demandará muita negociação, porque envolve licenças ambientais, burocracia e outros procedimentos que vão tornar mais lenta a construção dos projetos programados pela EPL.
A Academia Nacional de Agricultura atuará na busca de mecanismos de aproximação dos setores público e privado para agilizar esse processo, que é do interesse de todos, destacou Rodrigues.
Edição: Andréa Quintiere
Agência Brasil