O deputado federal Dilceu Sperafico afirma que, apesar das perdas econômicas, a Operação Carne Fraca poderá ainda deixar legado importante para o agronegócio brasileiro, especialmente o reconhecimento coletivo sobre sua relevância e contribuição para o desenvolvimento econômico e social do País e o bem-estar da população.
Conforme ele, a repercussão desproporcional de irregularidades administrativas em alguns poucos dos mais de 1,2 mil frigoríficos de carnes do País, poderá conscientizar a população sobre a importância da agropecuária para o desenvolvimento rural e urbano do País e alertar autoridades e servidores públicos para os riscos e custos de escândalos semelhantes.
Conforme ele, é fundamental levar em consideração que o psicológico é decisivo para a atividade econômica, pois uma informação falsa, inoportuna ou equivocada e mesmo um simples boato, ainda que infundado, podem levar uma empresa à falência, com a degradação de sua imagem e a rejeição do mercado aos seus produtos ou serviços.
“Salvo algum engano, não se sabe até agora de nenhuma reclamação sobre a má qualidade de alguma carne brasileira de parte de consumidores ou comerciantes de mais de 150 países e as primeiras análises técnicas não constataram nenhuma irregularidade na cadeira produtiva”, destaca o parlamentar.
Conforme Sperafico, ex-presidente e membro titular da Frente Parlamentar da Agricultura e da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, além de defensor intransigente do agronegócio há mais de 20 anos, todos os brasileiros precisam se conscientizar de que o País não se tornou um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do planeta, por acaso ou algum golpe de sorte.
Poder do consumidor
“Todos sabemos que o consumidor, de qualquer país, classe social, religião ou ideologia, é sempre exigente, pois está investindo o resultado de seu trabalho na aquisição de bens essenciais á sua sobrevivência e cobra qualidade e sanidade de tudo o que compra”, afirma o parlamentar.
Segundo ele, independente de propaganda ou recomendações, o cidadão ou dona-de-casa só adquire o que satisfaz os seus critérios e é totalmente livre e independente para escolher os produtos de sua preferência, em qualquer supermercado ou mercearia do planeta.
“Se tem alguma desconfiança sobre a origem ou qualidade do produto e vê alguma diferença em sua aparência, aroma ou sabor, imediatamente troca de marca ou fornecedor, seja ele nacional ou do exterior. Ainda mais se tratando de alimentos para si e sua família”, acrescenta Sperafico.
Segundo ele, o Brasil é hoje o maior exportador e o segundo maior produtor mundial de carne bovina e de frango, pois em 2016 a produção de carnes de frangos, bovinos e suínos do País superou 25 milhões de toneladas, com um quarto desse volume imenso destinado às exportações, para países do mundo inteiro.
Diante de tais números, segundo ele, é lamentável que a carne brasileira tenha passado a sofrer restrições de países importadores, após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, com a finalidade de apurar eventuais irregularidades administrativas, envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), em apenas 21 frigoríficos nacionais.
Números do agronegócio brasileiro
Segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme o parlamentar, o abate de frangos no Brasil cresceu 1,1% em 2016, enquanto o abate de suínos também foi recorde, com alta de 7,8% e somente o abate de bovinos caiu 3,2%, em relação a 2015.
Na soma, o País produziu 25,8 milhões de toneladas de proteínas animais no ano passado, o que somou o valor comercial de 480 bilhões de reais. Nos mais de 1,2 mil frigoríficos de carnes, o abate de frangos somou 5,86 bilhões de aves, com produção de 12,9 milhões de toneladas de carne, a segunda maior do mundo.
O abate de suínos no período somou 42,31 milhões de cabeças, com produção de 3,73 milhões de toneladas de carnes, a quarta maior do mundo. O abate de bovinos somou 29,67 milhões de animais, com produção de 9,18 milhões de toneladas de carne, a segunda maior do mundo.
As exportações de proteína animal em 2016 atingiram 6,5 milhões de toneladas, com a arrecadação de 14 bilhões de dólares. As vendas externas de carne de frango somaram 4,38 milhões de toneladas, com receitas de seis bilhões de dólares, a maior do mundo no setor.
As exportações de carne suína atingiram 732 mil toneladas, no valor de 1,35 bilhão de dólares, a quarta maior do mundo. As vendas externas de carne bovina somaram 1,4 milhão de toneladas, com receitas de 4,34 bilhões de dólares, a maior do mundo.
Consumo interno de carnes
Já no mercado interno, o consumo per capita/ano de proteína animal dos brasileiros foi de 41,1 quilos de carne de frango, 36.9 quilos de carne de bovinos e 14,4 quilos de carne de suínos.
Conforme Sperafico, considerando esses números e as dimensões das cadeias produtivas, que transformam grãos em proteína animal, muito mais valorizada no mercado nacional e internacional de alimentos, não é difícil imaginar as riquezas e empregos gerados e tributos recolhidos em todas as etapas do processo, desde a propriedade rural até os balcões de mercados do País e exterior.
Para produzir grãos, segundo ele, o agricultor precisa dispor ou arrendar áreas rurais e adquirir sementes, fertilizantes, máquinas e defensivos, além de contratar mão-de-obra para a atividade agrícola e a entrega da safra nos armazéns do comércio e indústria do setor.
Lá são igualmente geradas riquezas, empregos e impostos, o mesmo ocorrendo com o escoamento das safras e derivados, incluindo carnes, até os portos de exportação e de lá até os países importadores.
“Toda a população brasileira e milhões de estrangeiros dependem da produção agropecuária do País para se alimentar e são dezenas de milhões os trabalhadores e investidores nacionais que sobrevivem do agronegócio. Todos precisamos nos convencer e conscientizar dessa realidade, incluindo comerciante, fiscais, policiais, funcionários das indústrias e consumidores brasileiros e estrangeiros”, finaliza Sperafico.