Batemos hoje mais uma vez à porta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir com a direção daquela entidade o processo de reavaliação do Paraquat. É que estamos preocupados com a possibilidade de banimento deste herbicida sem uma alternativa para substituí-lo. Para vocês terem uma ideia, este produto é utilizado em cerca de 90 países, entre os quais os Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália no controle de ervas daninhas em culturas como soja, milho, algodão, trigo e arroz, principais lavouras do agronegócio brasileiro.
A explicação é do deputado Marcos Montes (PSD-MG), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que esteve hoje (13) com o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, para tratar do assunto. Na audiência, também estiveram os deputados Adilton Sachetti (PSB-MT) e Tereza Cristina, (PSB-MS) e representantes de entidades de peso como Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) e do Sindicato da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
Plantio direto – Marcos Montes relatou que foi o “casamento” do paraquat com o glifosato que permitiu o sistema de plantio direto na palha que revolucionou a agricultura no Brasil, “um sistema conservacionista, não revolve a terra para o plantio, protege o solo e reduz a erosão. ” Segundo o presidente da FPA, banir este produto, sem outra alternativa, trariam incalculáveis prejuízos ao setor e isso para nós é inadmissível. “Sem sombra de dúvida, o paraquat apresenta o melhor custo/benefício na atividade agrícola, pois reduz o uso de máquinas e também de aplicações de defensivos”, destacou.
Montes revelou que a Anvisa já recebeu contribuições dos mais renomados pesquisadores no assunto do Brasil e do exterior, os quais atestaram a segurança para o trabalhador e demais usuários que aplicam o produto conforme a recomendação técnica do fabricante. “Veja que hoje mesmo participaram da nossa reunião-almoço os especialistas nessa área Charles Breckenridge, sênior da Syngenta Research and Technology Fellow, e Colin Berry, professor emérito de Patologia da Universidade de Londres Queen Mary, ambos altamente preparados e defensores do paraquat”.
Para o deputado Sachetti, pode existir toxicidade nos produtos, mas onde que se busca os dados técnicos científicos. “Eu falo com pessoas que estão na linha de frente da pesquisa do câncer no Brasil, ninguém aponta que existam dados técnicos científicos a colocar produto químico agrícola como causa de câncer. Daí você vai para um órgão que é do governo e vê que colocam que o câncer está aumentando e citam o número de intoxicação. Eu vivo no estado maior produtor de grãos deste país e não existe a intoxicação que se coloca. De onde tiraram esse número? É chute, não tem dado que comprove isso”.
Sachetti ressaltou que só existem aqui essas exigências absurdas. ”Tem que ter exigência legal, sim, o cuidado com a saúde é fundamental, mas tem certas coisas que passam do limite. Essas exigências vêm na contramão de tudo que a gente quer como produtor. Tem que haver um discernimento, a oportunidade do contraditório. Buscar dados técnicos científicos, tirando um pouco da ideologia que entrou nessa discussão. A seu ver, é muito clara a pressão externa à produção brasileira. Nós incomodamos meio mundo porque ninguém quer que a produção brasileira esteja onde está.”
“Precisamos pedir a vocês, doutor Jarbas, e vocês da diretoria da Anvisa, é achar uma maneira que lhes dê conforto de nos ajudar nesse momento de transição até resolver o problema. Porque tirar o Paraquat é aumentar o custo na agricultura, é você ficar manco nesse tripé. Hoje vivemos uma situação muito complicada e eu acho que a saúde está acima disso tudo, mas se não temos as evidências, como é que nós podemos nos ajudar para ter um período de transição até que se chegue a uma definição. Por que hoje tirar o Paraquat vai ser um problema muito sério para a agricultura brasileira”, enfatizou a deputada Tereza Cristina.