Dilceu Sperafico*
O agronegócio contribui cada vez mais para a geração de energia limpa e a preservação ambiental, além de produzir alimentos, garantir a sobrevivência e o bem-estar da população e abastecer agroindústrias com matérias-primas, ampliando a oferta de emprego, renda, tributos e qualidade de vida.
Essa prática começou há muitas décadas, ainda antes da mecanização agrícola, quando agricultores do Sul do País já geravam eletricidade, através de cata-ventos e rodas d’água, em suas propriedades rurais.
Com a evolução da tecnologia e o desenvolvimento da agricultura empresarial, a contribuição da agropecuária para a preservação dos recursos naturais foi ampliada com a produção de etanol e biodiesel, a partir de grãos e de cana-de-açúcar, incluindo o seu bagaço, entre outras culturas.
Dessa forma, o agronegócio substitui com grandes vantagens ambientais o uso de combustíveis fósseis, altamente poluentes e grandes responsáveis pelo aquecimento global e suas tantas conseqüências negativas para a natureza e a própria humanidade.
Com o avanço do conhecimento humano, o agronegócio está desenvolvendo novas alternativas para a geração de energia limpa e renovável, que comercializada entre os consumidores, também rende remuneração justa aos proprietários rurais.
Essa nova atividade já está se tornando opção ao cultivo da terra, com menores riscos de perdas por determinadas adversidades climáticas, como as estiagens ou secas, além de oscilações do mercado de alimentos.
Mesmo que ainda sendo atividade econômica exercida a céu aberto e exposta às variações do clima, agricultores de diversas regiões dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, começam a compartilhar e até trocar o cultivo de milho e soja, entre outros produtos tradicionais, pela manutenção de equipamentos geradores de energia em parte adequadas de suas propriedades rurais.
São os casos de painéis solares e torres eólicas, para a geração de volume considerável de energia elétrica, distribuída às comunidades vizinhas.
Como a sociedade moderna valoriza cada vez mais a energia limpa e renovável, a atividade alternativa está se tornando lucrativa, especialmente em períodos com os preços de commodities em baixa.
Como a nova atividade ainda está em fase inicial, os proprietários rurais estão arrendando parte de suas terras, especialmente as áreas mais elevadas, para que empresas especializadas na geração energia limpa instalem seus equipamentos.
Nos Estados Unidos, segundo agências especializadas, empresas de energia solar estão pagando entre 300 a 700 dólares por ano pelo aluguel de um acre ou pouco mais de quatro mil m2, o que corresponde a 40% de um hectare.
O valor do arrendamento pode chegar ao triplo da renda média obtida pelos proprietários com culturas tradicionais, como soja e milho, que na atualidade estaria variando de 27 a 102 dólares por acre.
Somente nos Estado de Carolina do Norte empresas de energia limpa já instalaram painéis solares em 2,8 mil hectares de terras agrícolas, desde 2013.
A quantidade de energia gerada por acre varia de acordo com a dimensão dos painéis, as condições climáticas da região e a situação geográfica dos equipamentos.
Assim, propriedade rural com 21,6 mil painéis seria capaz de gerar energia para cinco mil moradias próximas, o que indica que a atividade pode e deve chegar ao Brasil, no médio ou longo prazo, pois beneficia todas as partes envolvidas.
*O autor é deputado federal pelo Paraná