A dependência brasileira e a necessidade de alternativas para a exploração de potássio pautaram audiência da comissão de Agricultura Câmara nesta terça-feira, 24, proposta pelo deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS), vice-presidente da Região Sul da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Matéria-prima de 95% dos fertilizantes, o potássio é explorado por uma única mina no Brasil, em Taquari-Vassouras, no Sergipe. A operação, concedida à Petrobras e arrendada à Vale, está em esgotamento com pouco mais de um ano previsto de extração.
“Mesmo sendo um dos maiores produtores agrícolas, o país é dependente em 90% do mineral importado, o que encarece a produção, um custo de R$ 3 bilhões por ano – somados a outros minerais o valor se aproxima dos R$ 9 bilhões”, apontou o deputado, que lembrou que há 30 anos a Petrobras tem a concessão de outras oito minas, no Amazonas, todas inativas, embora exista interesse de empresas privadas em assumir as operações.
Segundo Marcelo Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração, o problema do potássio é agravado com as isenções para entrada do mineral importado, o que é mais um fator desestimulante para a exploração nacional.
Reginaldo Minaré, da Confederação de Agropecuária, e Carlos Florence, diretor da Associação dos Misturados de Adubos, relataram os reflexos nos custos da produção, o que é completado pelos altas taxas de frete, o que no caso do potássio envolve os meios hidroviário, rodoviário e mercantes, o último estimado em 25%.
Conforme dado de David Roquetti Filho, diretor da Associação Nacional para Difusão de Adubos, o mapeamento geológico é precário no Brasil. “Enquanto os maiores exploradores de potássio fazem um teste (furo) a cada mil hectares, aqui é realizada um texto para cada cem mil hectares”, diagnosticou.
O representante da Petrobras, José Franco, reiterou a preocupação com as isenções e afirmou que a empresa não foca na exploração de potássio e outros fertilizantes por fugir do seu expertise. Ele também defendeu o arrendamento das minas concedidas para empresas interessadas.
Ainda em nome do governo, Elzivir Guerra, do Ministério de Minas e Energia, e David Fonseca, do Departamento de Produção Mineral, reconhecerem as dificuldades em exploração e projetaram que a partir de 2018, através de recursos do BNDES, o país aumente a exploração.
Por sugestão de Alceu Moreira, os resultados da discussão serão aprofundados em novo encontro nos próximos dias, mas apenas com assessores técnicos. O objetivo será a elaboração de uma espécie de marco específico para exploração do potássio.
Concessão – Para se obter a concessão para exploração do potássio é necessário passar por uma série de fases: requerimento de pesquisa, autorização de pesquisa, requerimento de lavra e concessão. Atualmente há 983 pedidos enquadrados nestas fases e mais 361 processos em andamento de pesquisa para a Amazônia.